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Além de Navalny: os rivais que Putin já foi acusado de silenciar

O ativista Alexei Navalny está inconsciente após possível envenenamento. Ele era o principal opositor do presidente russo Vladimir Putin

Navalny: já houve nos últimos anos outras insinuações de que o governo Putin estaria envolvido em outros ataques a opositores (Sergei FadeichevTASS/Getty Images)

Navalny: já houve nos últimos anos outras insinuações de que o governo Putin estaria envolvido em outros ataques a opositores (Sergei FadeichevTASS/Getty Images)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 20 de agosto de 2020 às 10h55.

Última atualização em 28 de março de 2022 às 13h44.

O principal opositor russo passou mal e foi internado nesta quinta-feira, 20, com suspeita de envenenamento. O ativista Alexei Navalny, que é líder de uma organização anticorrupção, tem sido a principal voz contra o presidente Vladimir Putin.

Navalny viajava para Moscou e seu avião precisou fazer um pouso de emergência quando o líder opositor passou mal. Pessoas próximas a ele suspeitam que tenha sido evenenado por um chá que tomou no aeroporto antes de partir.

Não é a primeira vez que um caso do tipo acontece. Opositores russos, um após o outro, têm sido alvo de violência no país, que é governado pelo presidente Vladimir Putin desde 1999. Putin tem vencido todas as eleições e praticamente não sofre oposição, mas organismos internacionais questionam a liberdade política na Rússia.

Alexei Navalny, ativista anticorrupção

No ano passado, o próprio Navalny já havia sofrido uma reação alérgica que um médico disse que poderia ter sido resultado da ação de alguma uma substância química. Seus apoiadores acreditam que ele teria sido envenado quando estava na prisão.

O diretor do departamento jurídico da fundação anticorrupção comandada por Navalny, Vyacheslav Gimadi, escreveu no Twitter que “não há dúvidas de que Navalny foi envenenado por sua posição e suas atividades políticas”. Navalny está inconsciente no hospital. "Claramente a mesma coisa [do ano passado] aconteceu de novo", diz.

No voo em que passou mal, tinha ido à Sibéria para se reunir com candidatos que ele apoia para as eleições locais, que acontecem em setembro. Suas investigações de corrupção no governo russo liderado por Putin geraram protestos e levaram milhares de pessoas às ruas.

Navalny tentou concorrer à presidência russa em 2018, mas sua candidatura foi barrada pelas autoridades eleitorais. A Suprema Corte da Rússia também negou seu recurso à decisão. Ele já foi preso diversas vezes em protestos e hoje membro do partido "Rússia do Futuro", que ainda não foi autorizado pela Justiça.

Nos últimos dias, Navalny também vinha pressionando a opinião pública russa para que Putin tomasse medidas contra o presidente de Belarus (antiga Bielorrússia), Aleksandr Lukashenko, que foi reeleito presidente em eleições questionadas. Lukashenko enfrenta uma série de protestos diários no país desde a eleição. A Rússia é disparado a maior parceira comercial de Belarus.

Boris Nemtsov, que já vice-primeiro-ministro russo: morto a tiros em Moscou em 2015 (Sasha Mordovets/Getty Images)

Boris Nemtsov, antigo vice-premiê

Em 2015, o então líder de oposição Boris Nemtsov foi morto a tiros no centro de Moscou. Nemtsov era político e chegou a ser vice-primeiro-ministro no governo Boris Yeltsin, nos anos 1990.

Como a área não é conhecida por episódios de violência, o caso foi colocado sob suspeita de que teria sido encomendado. Na ocasião, o presiente Vladimir Putin prestou condolências à família e disse que investigaria o atentado.

Mas um comitê a mando de Putin para investigar o assassinato apresentou teorias como de que a morte estaria relacionada a radicais islâmicos ou aos eventos na Ucrânia -- naquela época, fazia um ano desde que a Rússia anexou a Crimeia, território ucraniano, e iniciou uma crise na região.

Alexander Litvinenko, três dias antes de morrer em 2006: ex-espião do governo russo se exilou no Reino Unido e sofreu envenenamento com radiação (Natasja Weitsz/Getty Images)

Alexander Litvinenko, o "homem que solucionou a própria morte"

Outro que morreu sob circustâncias suspeitas foi Alexander Litvinenko, ex-agente da FSB, agência de inteligência do governo russo sucessora da KGB da União Soviética.

Litvinenko morreu em 2006 no Reino Unido. O agente tinha fugido para o Reino Unido em 2000 e, no exílio, se tornou uma das principais vozes internacionais contra o governo Putin. Depois, ele virou funcionário do MI6 (que, tal qual o conhecido MI5, faz parte do serviço secreto britânico).

Investigações concluíram que o agente ingeriu radiação de Polônio-210, material altamente radioativo e que foi inserido também em seu chá.

Na ocasião, Litvinenko ficou conhecido por ter "solucionado o próprio assassinato". Ao ser internado no Reino Unido, ele trablhou ao lado de detetives da polícia britânica, a Scotland Yard, e concluiu que o serviço secreto da Rússia estaria envolvido no atentado. Litvinenko terminou morrendo dias depois pelos efeitos da radiação.

Pyotr Verzilov, do Pussy Riots: invasão no gramado da Copa do Mundo de 2018 (Adam Berry/Getty Images)

Petr Verzilov, ativista do Pussy Riots

O grupo Pussy Riots ficou conhecido dos brasileiros sobretudo após invadir o campo na final da Copa do Mundo da Rússia em 2018, entre França e Croácia.

Mas um dos quatro invasores daquela ocasião, Pyotr Verzilov, foi parar na UTI pouco mais de dois meses depois, em setembro. Verzilov -- que se recuperou da infecção -- teria começado a passar mal repentinamente e depois perdido a visão e os movimentos antes de ser levado ao hospital. Apoiadores dizem também acreditar que ele envenenado.

A invasão do campo na Rússia, segundo o grupo, foi para protestar contra a violência policial depois que diversos opositores relataram episódios de tortura durante interrogações em prisões russas. Antes disso, Verzilov já estava envolvido em protestos na Rússia por mais de uma década.

Além de ativista, o Pussy Riot é um grupo de rock composto por uma dezena de artistas e que realiza shows em manifestações políticas defendendo os direitos das mulheres e dos LGBT's, o fim da violência policial e protestando contra o governo Putin.

 

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