Agência de notícias
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 13h39.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 14h26.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o presidente Donald Trump designou seu secretário de Estado, Marco Rubio, como interlocutor para negociar o tarifaço com o Brasil, em telefonema ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira.
Segundo Alckmin, na conversa, Lula pontuou que sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o cancelamento de vistos de autoridades brasileiras deveriam ser revistas.
"Foi muito boa a conversa, melhor do que esperávamos. O presidente Lula destacou a disposição do Brasil para o diálogo e para a negociação", afirmou o vice. "O presidente Lula colocou que as sanções e vistos sobre ministros também deveria ser rediscutidas", completou.
O vice afirmou ainda não haver previsão de quando uma nova conversa deve ocorrer, mas destacou a troca de telefones entre Lula e Trump como um bom sinal de diálogo.
Lula conversou na manhã desta segunda-feira com Trump por cerca de 30 minutos. A ligação ocorreu duas semanas depois do encontro na Assembleia Geral da ONU, em que o chefe de Estado americano afirmou que uma reunião aconteceria. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou do encontro virtual, a conversa foi "positiva" do ponto de vista econômico.
A reunião por telefone abre caminho para um possível encontro presencial em território neutro, a Malásia, no fim do mês, à margem da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Auxiliares de Lula insistiram que o primeiro contato ocorresse de forma virtual, em um ambiente controlado, antes de uma aproximação face a face.
Em nota, o governo afirmou que Lula "descreveu o contato como uma oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente. Recordou que o Brasil é um dos três países do G20 com quem os Estados Unidos mantêm superávit na balança de bens e serviços".
Da tribuna da ONU, em 23 de setembro, o chefe de Estado americano elogiou Lula — a quem chamou “um cara muito legal” — e disse ter combinado uma reunião para debater a relação bilateral. Foi o primeiro gesto de Trump sinalizando uma negociação, mais de dois meses depois de anunciar um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros alegando, entre outros fatores, que o Judiciário brasileiro promovia uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na ONU, o presidente americano introduziu o assunto ao criticar o cerceamento da “liberdade de expressão” em plataformas digitais. Trump também associou a taxação ao Brasil “aos seus esforços sem precedentes para interferir nos direitos e liberdades dos nossos cidadãos americanos e de outros, com censura, repressão, armamento, corrupção judicial e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”. Depois, citou um encontro rápido com Lula na sede da organização, em Nova York, e fez um aceno.
"Eu estava entrando (para discursar) e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos abraçamos", afirmou Trump. "Combinamos que vamos nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, uns 20 segundos. Em retrospecto, que bom que eu esperei, porque isso não tem funcionado bem (o diálogo com Lula), mas conversamos."
O presidente americano foi além e relatou ter acontecido “uma química” entre os dois.
"Ele parecia um cara muito legal. Na verdade, ele gostou de mim, eu gostei dele. Eu só faço negócios com pessoas de quem eu gosto. Quando eu não gosto, eu não gosto. Tivemos ao menos 39 segundos de uma química excelente", acrescentou Trump.
No dia seguinte à fala de Trump, Lula disse que ficou surpreso com o discurso do americano:
"Eu fiquei feliz quando Trump disse que pintou uma química boa entre nós. Eu fui surpreendido porque eu tinha acabado o meu discurso, eu já estava saindo, ia pegar minhas papeletas e ir embora, quando o Trump veio para o meu lado, sabe? Com uma cara muito simpática, muito agradável, sabe? E eu acho que pintou uma química mesmo."