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Alcance do Estado Islâmico é mais sombrio do que Obama pensa

Segundo o Pentágono, os extremistas estão aumentando sua presença internacional no Oriente Médio e África, uma avaliação muito mais sombria do que a de Obama


	O presidente americano, Barack Obama: o presidente disse em discurso que a "liderança americana" está parando o avanço do EI
 (Jewel Samad/AFP)

O presidente americano, Barack Obama: o presidente disse em discurso que a "liderança americana" está parando o avanço do EI (Jewel Samad/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2015 às 17h48.

Washington - Os extremistas do Estado Islâmico estão expandindo sua presença internacional no Oriente Médio e no Norte da África, disse o mais alto membro de inteligência do Exército dos EUA.

Trata-se de uma avaliação de segurança muito mais sombria do que a fornecida pelo presidente Barack Obama e por seus indicados políticos.

O grupo extremista sunita está estendendo seu alcance além do Iraque e da Síria usando “áreas sem governo ou subgovernadas” para estabelecer filiais na Argélia, no Egito e na Líbia, disse o tenente-general da Marinha Vincent Stewart, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, em uma declaração preparada obtida antes de uma audiência do Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Representantes nesta terça-feira.

Isso contrasta com a afirmação de Obama, em seu discurso sobre o Estado da União, no mês passado, de que “no Iraque e na Síria, a liderança americana -- incluindo nosso poderio militar -- está parando” o avanço do Estado Islâmico.

As avaliações de inteligência são muitas vezes menos otimistas do que as de outros setores da administração e Stewart, da mesma forma, é contundente ao listar uma diversidade inédita de desafios à segurança que, segundo ele, serão enfrentados pelos EUA neste ano, o que inclui agressão militar russa, modernização militar chinesa e ataques cibernéticos do Irã e da Coreia do Norte.

“O Irã e a Coreia do Norte atualmente consideram as operações de distúrbio e destruição no espaço cibernético um instrumento de política de estado válido, inclusive durante aquilo que os EUA consideram tempos de paz”, disse Stewart no depoimento. “Esses estados provavelmente veem as operações no espaço cibernético como um meio efetivo de impor custos aos seus adversários, ao mesmo tempo limitando a probabilidade de represálias prejudiciais”.

O alerta em relação ao crescimento do Estado Islâmico surge em um momento em que muitos membros republicanos do Congresso pressionam por uma ação mais agressiva, que poderia incluir uma zona de interdição aérea na Síria e o emprego de um número limitado de forças americanas destacadas com tropas iraquianas para ajudar a guiar os ataques aéreos.

Embora os ataques aéreos conduzidos pelos EUA tenham matado alguns líderes do Estado Islâmico e “degradado a capacidade do grupo de operar abertamente no Iraque e na Síria”, o grupo extremista irá “continuar com operações ofensivas limitadas” usando táticas terroristas tradicionais, como ataques suicidas e carros-bombas, disse Stewart.

Na Síria, onde o presidente Bashar al-Assad está em uma guerra civil contra rebeldes moderados, combatentes do Estado Islâmico e outros grupos extremistas islâmicos, “nós avaliamos que o conflito está tendendo a favor do regime de Assad”, disse Stewart. Mesmo assim, Assad “continuará tendo dificuldades e será incapaz de derrotar decisivamente a oposição em 2015”.

‘Vontade política’ do Irã

Quanto ao Irã, país com o qual os EUA e outras potências mundiais estão tentando chegar a um acordo para limitação de seu programa nuclear, Stewart disse que o regime “não enfrenta barreiras técnicas insuperáveis para produzir uma arma nuclear, o que transforma a vontade política do Irã na questão central”.

Stewart também pintou um cenário sombrio para o Afeganistão, onde, segundo ele, as forças afegãs “continuam em um beco sem saída devido à insurgência liderada pelo Taliban”. O presidente Barack Obama defende a retirada de quase todas as tropas americanas do país até o fim de seu mandato.

O conflito na Ucrânia também não mostra sinais de enfraquecimento, disse Stewart.

“Todos os indicativos são de que Moscou continuará empregando um misto de pressão militar e não militar contra Kiev neste ano, o que incluiria o uso de operações de propaganda e informação, operações no espaço cibernético, agentes encobertos, pessoal militar regular operando como mercenários ‘voluntários’, organizações parainstitucionais e a ameaça de intervenção militar”, disse ele.

No ano passado, a China empregou submarinos no Oceano Índico em duas oportunidades, disse Stewart. “A China continua produzindo submarinos de propulsão nuclear lançadores de mísseis balísticos classe JIN e mísseis balísticos lançados por submarinos. Nós esperamos que a China realize suas primeiras patrulhas de dissuasão nuclear neste ano”.

A força aérea da China “está se aproximando de uma modernização em uma escala sem precedentes em sua história” e agora tem dois programas de caças stealth, disse ele.

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