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Al-Qaeda está "mais forte do que nunca" no Iêmen, diz relatório

Segundo relatório, a Al-Qaeda e o grupo Estado Islâmico se aproveitaram do caos no qual o país se encontra desde 2014

Al-Qaeda: Washington considera a AQPA como o braço mais perigoso da rede da Al-Qaeda (Ahmad Al-Basha / AFP)

Al-Qaeda: Washington considera a AQPA como o braço mais perigoso da rede da Al-Qaeda (Ahmad Al-Basha / AFP)

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AFP

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 14h53.

O braço iemenita da Al-Qaeda está mais forte do que nunca, considerou nesta quinta-feira o International Crisis Group (ICG), que criticou o primeiro bombardeio americano ordenado pela administração Trump por "ignorar o contexto local" e "provocar elevadas perdas civis".

Em um relatório intitulado "Al-Qaeda no Iêmen: uma base em expansão", o ICG, organização independente que analisa os conflitos em todo o mundo, explica como a Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA) e seu rival, o grupo Estado Islâmico (EI), se aproveitaram do caos no qual o país se encontra desde 2014.

Apesar de ter registrado derrotas, a AQPA "prospera em um ambiente de naufrágio do Estado, de sectarismo (religioso) crescente, de mudanças de alianças, de vácuos de segurança e de guerra econômica em aumento", indica o estudo.

"Para reverter esta tendência, é preciso colocar fim ao conflito original", melhorar a governança nas zonas vulneráveis e utilizar os meios militares "de maneira criteriosa e em coordenação com as autoridades locais", afirma o ICG.

Neste sentido, o grupo de reflexão, com sede em Bruxelas, destaca que "estes esforços serão comprometidos se países como Estados Unidos, interessados em combater a AQPA e o braço emergente do EI, realizarem ações militares que ignorem o contexto local e provoquem perdas civis elevadas".

O ICG cita a primeira operação contra a Al-Qaeda, lançada no fim de semana passado na província de Baida (centro), pela administração de Donald Trump.

Isso "não pressagia nada bom" nos esforços para "enfrentar de forma inteligente e eficaz a AQPA", julga o relatório, que aponta que a operação matou "muitos civis, incluindo ao menos 10 mulheres e crianças", assim como homens de tribos locais, o que faz o jogo da Al-Qaeda, que afirma "defender os muçulmanos contra o Ocidente".

Por sua vez, o Pentágono divulgou um balanço de 14 mortos, "incluindo mulheres combatentes" das fileiras da Al-Qaeda e um soldado de elite americano.

A Al-Qaeda informou sobre quase 30 pessoas falecidas, incluindo mulheres e crianças. Um responsável iemenita disse que 41 supostos membros da Al-Qaeda foram abatidos, incluindo alguns chefes e oito mulheres e oito crianças.

"Bênção para AQPA"

As forças governamentais do Iêmen, apoiadas desde março de 2015 por uma coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita, combatem os rebeldes xiitas huthis e seus aliados, apoiados pelo Irã. Os rebeldes controlam amplos pedaços de território, incluindo a capital, Sanaa.

Segundo o IGC, todas as partes, locais e estrangeiras, "contribuíram para o crescimento" da AQPA e do grupo EI, "inclusive se afirmam ser inimigos" dos extremistas.

O fato de a coalizão ter se concentrado no objetivo de derrotar os huthis e seus aliados foi uma "bênção para a AQPA", que pôde forjar alianças tácitas com tribos sunitas em certas regiões, de acordo com o documento.

E embora a Al-Qaeda, presente no Iêmen há mais de duas décadas, tenha registrado fracassos militares, como a perda do controle da cidade portuária de Mukalla (sudeste) em abril de 2016, estes não deixam de ser "êxitos frágeis", segundo o relatório, que podem ser ineficazes sem um bom governo local.

O ICG também questiona a política americana de uso de drones: "Os êxitos táticos obtidos pela eliminação de atores e de ideólogos (da Al-Qaeda) não frearam o crescimento rápido da organização".

Segundo o grupo de reflexão, "muitos iemenitas pensam que (os bombardeios de drones) são contraproducentes e que alimentam um ressentimento contra os americanos e o governo iemenita quando civis morrem".

Washington considera a AQPA como o braço mais perigoso da rede da Al-Qaeda.

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