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Al Qaeda cria 'emirado islâmico' em cidade iemenita

Grupo tomou a cidade de Radda; moradores cogitam deixar o local

A Al Qaeda anunciou que a cidade de Radda será um emirado islâmico (Divulgação)

A Al Qaeda anunciou que a cidade de Radda será um emirado islâmico (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 16h35.

Sana, Iêmen - Os membros de um grupo vinculado à rede terrorista Al Qaeda que tomaram o controle da cidade iemenita de Radda, ao sul da capital, Sana, anunciaram nesta segunda-feira a instauração de um 'emirado islâmico' na localidade, após libertar centenas de prisioneiros.

Os militantes do grupo Ansar al-Sharia ('Partidários da Sharia', lei islâmica) invadiram na madrugada (local) desta segunda-feira a penitenciária central e puseram em liberdade um grande número de integrantes da organização terrorista.

Este ataque, que se soma a outros perpetrados contra diversos postos de controle militares e prédios governamentais, culminou com a morte de pelo menos dois policiais, informou à Agência Efe uma fonte de segurança.

A insegurança se difunde pela cidade de 400 mil habitantes, a maior da província de Al Bayda, berço do chefe da Al Qaeda na Península Arábica, Nasir al-Wuhayshi.

Picapes com homens armados mascarados circulam pelas ruas da localidade e os milicianos anunciam, por alto-falantes, que a cidade se transformou em um 'emirado islâmico'.

O comerciante Hussein Abu Ali, dono de uma loja, disse à Agência Efe que considera a situação preocupante em sua cidade e cogita fugir com a família. 'Os homens armados estão por todas as partes. Pode haver combates'.

Outros habitantes de Radda consultados pela Efe também pensam em abandonar a cidade, pois temem que ela possa ser alvo de bombardeios, após observarem o voo de aviões não tripulados (drones).

'Tememos que nossa cidade tenha o mesmo destino que Zinjibar', lamentou Abu Ali, referindo-se aos violentos combates entre o Exército e militantes islâmicos que assolaram esta cidade meridional do Iêmen, controlada durante meses pela Al Qaeda e por grupos próximos e só liberada pelas tropas legalistas em setembro do ano passado.


Radda foi tomada pelos jihadistas de uma forma similar à realizada em Zinjibar. Em poucas horas, os combatentes radicais islâmicos, cujo número superava 400, dominaram os enclaves estratégicos da cidade, situada 150 quilômetros ao sul de Sana, capital iemenita.

Nesta madrugada (local), as ações violentas do grupo se intensificaram. Eles atacaram a prisão central, o prédio principal da Segurança Central e vários postos de controle do Exército.

Em um desses postos, situado na entrada da cidade, os membros da Al Qaeda mataram quatro soldados e, para comemorar seu êxito, levantaram bandeiras negras com a 'Shahada', profissão de fé islâmica: 'Não há outra divindade além de Alá; Maomé é o Seu profeta'.

Os militantes também assumiram o controle de outro posto militar próximo, numa ofensiva que culminou com um número indeterminado de mortos, entre os quais se acredita haver tanto terroristas como soldados e policiais.

O Ministério do Interior do Iêmen indicou em comunicado que membros do grupo armado capturaram quatro veículos da Polícia de Radda. O órgão recebeu chamadas de socorro de muitos habitantes da cidade, que pedem a rápida intervenção das autoridades contra os terroristas.

Algumas tribos dos arredores de Radda se preparam para irromper na cidade e combater os homens armados, segundo testemunhos de moradores à Agência Efe, embora as informações não tenham sido confirmadas oficialmente.

Abdullah Shaqza, morador de Radda, afirmou à Efe que o suposto chefe do grupo armado, Tareq al-Dahab, se reuniu neste domingo à noite com centenas de cidadãos para obter apoio para administrar a cidade.

Dahab é cunhado de Anwar al-Awlaki, que liderou a Al Qaeda no Iêmen até morrer em um bombardeio aéreo das Forças Armadas americanas, e dirige um campo de treinamento de militantes islâmicos no povoado de Geifa, próximo a Radda.

Foi desse campo de onde o ataque foi lançado neste domingo, que afiança a força da Al Qaeda no Iêmen e representa um novo golpe à frágil situação do país, imerso em uma crise política e numa espiral de violência desde que os protestos populares contra o presidente Ali Abdallah Saleh começaram, há um ano. 

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