Mundo

Al Jazeera amplia alcance no Ocidente

Emissora que desperta admiração e rejeição na mesma medida entre os telespectadores. Entre essas duas águas se movimenta a emissora do Catar "Al Jazeera"


	Microfone com logo da Al Jazeera: emissora decidiu conquistar os EUA, ao mesmo tempo em que enfrenta situação delicada no Oriente
 (Sean Gallup/GETTY IMAGES)

Microfone com logo da Al Jazeera: emissora decidiu conquistar os EUA, ao mesmo tempo em que enfrenta situação delicada no Oriente (Sean Gallup/GETTY IMAGES)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de setembro de 2013 às 10h48.

Cairo - Uma emissora que desperta admiração e rejeição na mesma medida entre os telespectadores. Entre essas duas águas se movimenta a emissora do Catar "Al Jazeera", que decidiu conquistar o público dos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que enfrenta uma situação delicada em parte do mundo árabe.

O recente lançamento da "Al Jazeera" América foi a última aventura milionária da rede, que quer entrar no competitivo mercado americano.

"Queremos ocupar este espaço, onde estão os americanos que buscam um jornalismo sério", afirmou, de Doha, o diretor de Relações Internacionais da emissora, Osama Said.

Com mais informação em profundidade e menos opinião, a "Al Jazeera" quer seduzir a audiência americana e vencer a resistência de quem continua a vendo como um meio árabe sensacionalista e difusor de versões da Al Qaeda e de outros grupos extremistas.

Outro obstáculo para a emissora catariana é o relacionamento com as distribuidoras, como o que a levou a processar a companhia telefônica AT&T por excluí-la de seu serviço de TV a cabo.

Para Said, a expansão da "Al Jazeera" foi uma constante desde que surgiu, em 1996, como "o primeiro canal em árabe independente e diferente na forma de contar histórias", em contraste com outros veículos de comunicação do Oriente Médio que "ignoravam o povo e informavam dos centros de poder".

Por trás do projeto está o Catar, um pequeno emirado do Golfo rico em recursos energéticos que decidiu investir nessa arma audiovisual, conseguindo assim ganhar influência internacional.

Não há espaço só para as notícias, a emissora também tem os direitos de transmissão das principais competições esportivas e filmes de todos os gêneros.


Outro grande trunfo foi o lançamento do canal da "Al Jazeera" em inglês, inaugurado em 2006 e que atualmente chega a cerca de 270 milhões de lares no mundo, de acordo com dados próprios.

Entre seus planos futuros está a criação de um canal em turco e de outros específicos para Reino Unido e França, disse o porta-voz da rede, que por outro lado evitou dar detalhes sobre as pouco transparentes contas do grupo.

Mas o caminho não foi todo ele um mar de rosas, a "Al Jazeera" se desentendeu com alguns governos do Oriente Médio, principalmente depois de o Catar apoiar abertamente as revoltas da "Primavera árabe" contra regimes como o da Tunísia e da Síria.

E anunciou recentemente que adotará ações legais internacionais contra as autoridades do Egito para "garantir seu direito de informar livremente" sobre os acontecimentos no país.

A emissora também denunciou o assédio e a detenção sem acusações de vários de seus jornalistas, o fechamento de redações e barreiras à transmissão, o que se soma à suspensão de seu canal ao vivo para o Egito determinada por um tribunal, "por dar informações incorretas que causaram danos ao país".

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) já levantou a voz por esse tipo de práticas contra a Al Jazeera e outros meios críticos ao exército desde a derrubada do islamita Mohammed Mursi em julho.


O professor de Jornalismo e Comunicação de Massa da Universidade Americana do Cairo, Hussein Amin, considera a emissora culpada por dar "só a versão de um lado", em referência à Irmandade Muçulmana.

Amin sustenta que a "Al Jazeera" evitará as restrições explorando seus recursos na internet e recorrendo ao chamado "jornalismo cidadão", como se refere ao uso de vídeos feitos pelos cidadãos durante os protestos.

Para o acadêmico, há claras diferenças no tratamento das notícias da "Al Jazeera" em nível global e a cobertura em particular em alguns países.

No primeiro caso, aponta, a televisão catariana se caracterizou por sua "eficiência e profissionalismo" em eventos como as guerras do Afeganistão e do Iraque, ou dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos EUA.

"Ainda é cedo para saber o que acontecerá com os novos mercados da "Al Jazeera", destaca Amin.

Essa é uma postura combativa que pode cobrar sua conta com o tempo, acredita o professor universitário, para quem outros veículos de imprensa como a britânica "BBC" e a "Al Arabiya" dos Emirados estão ganhando terreno com uma linha "mais equilibrada". EFE

Acompanhe tudo sobre:Al JazeeraCatarEmissoras de TVEmpresasTelevisãoTV

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado