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AL deve se preparar para risco do ebola, diz especialista

Na quinta-feira, líderes de todo o mundo pediram a contenção da epidemia na África, que forçou Serra Leoa a colocar em quarentena um milhão de pessoas

Funcionário da Médicos sem Fronteiras usa a roupa de proteção contra o Ebola, em uma unidade da ONG instalada na Libéria (Pascal Guyot/AFP)

Funcionário da Médicos sem Fronteiras usa a roupa de proteção contra o Ebola, em uma unidade da ONG instalada na Libéria (Pascal Guyot/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2014 às 16h23.

Washington - Os riscos de chegada do vírus ebola à América Latina ainda são pequenos, mas é necessário reforçar a capacidade de reação dos países da região a essa eventualidade, afirmou à AFP Marcos Espinal, especialista da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS).

Na quinta-feira, líderes de todo o mundo pediram a contenção da epidemia na África ocidental, que forçou Serra Leoa a colocar em quarentena um milhão de pessoas. Mas embora a América Latina esteja longe da origem do surto, isto não quer dizer que deva baixar a guarda.

"A região está bastante avançada nos preparativos; não temos casos importados ainda, o que é um bom sinal. O risco para as Américas ainda é baixo, mas devemos estar preparados porque a antecipar é o mais importante", disse Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da OPS.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), caso não se reforcem as medidas de controle na África ocidental, a atual epidemia de ebola poderia afetar mais de 20.000 pessoas já no mês de novembro.

Para Espinal, os países latino-americanos seguem as recomendações que constam no Regulamento Sanitário Internacional e que delineiam as medidas fundamentais de controle, cujo primeiro passo é, ao mesmo tempo, simples e eficiente: informação nos portos de entrada.

"Uma diretora me ligou há alguns dias para dizer que estava no aeroporto no Equador e a sua frente havia um cartaz enorme e bem explicado sobre o vírus. Uma medida tão simples como esta é formidável", disse.

O segundo passo que Espinal considerou fundamental é a disponibilidade de unidades de isolamento para o tratamento de casos suspeitos. O terceiro passo é a capacitação de equipes de saúde, capazes de investigar contatos ou casos suspeitos e o quarto é a informação pública.

Destes passos, segundo Espinal, o segundo é mais difícil, pois implica em maior uso de recursos.

"Há países nas Américas que estão avançando, mas outros têm menos recursos e precisam de ajuda. O Brasil já tem unidades de isolamento, o Chile também, mas estamos nos concentrando nos países que precisam de atenção prioritária", afirmou.

"Para estes países", acrescentou, "a OMS tem armazéns no Panamá, onde estamos acumulando equipamentos de proteção e lojas especiais para atenção", como forma de contribuir para a capacitação do controle.

"O importante é que os países tenham suas unidades de isolamento preparadas, e ali é onde devemos acelerar um pouco mais", disse Espinal à AFP.

A febre hemorrágica, altamente contagiosa, já matou 2.917 pessoas de 6.263 casos registrados na África ocidental, segundo o último balanço da OMS, de 21 de setembro.

A distância é a vantagem

Na opinião do especialista, uma das vantagens que a América Latina tem em seus preparativos para evitar a chegada do vírus do ebola é a distância dos centros originários da epidemia.

"É muito difícil que um doente possa chegar porque os sintomas e os sinais são muito fortes e serão detectados já no aeroporto de saída. Será muito difícil que pegue um voo de 10 horas porque será detectado", disse.

O caso mais preocupante seria o de uma pessoa que está incubando o vírus e passe a ter os sintomas já em um país da América Latina.

"Não se descarta que chegue um turista e comece a desenvolver sinais e sintomas no hotel ou na praia", disse.

No entanto, ele destacou que "não foi demonstrado que o ebola é transmitido se a pessoa não apresenta sinais e sintomas. Isto é, só é transmitido quando os sinais já estão visíveis".

Com relação à dimensão da epidemia atual, Espinal não expressou dúvidas de que o número real de pessoas contaminadas seja superior ao de casos registrados.

A chave para explicar a disparidade, acrescentou, está na "fragilidade dos sintomas de saúde dos países afetados e também na fragilidade dos sistemas de informação".

Por esta razão, acrescentou, é necessário capacitar os países "e garantir que a cooperação continue chegando aos países afetados".

Neste sentido, Espinal saudou o envio de uma equipe de especialistas cubanos a Serra Leoa.

"Temos uma missão em Cuba, trabalhando com as autoridades cubanas para nos assegurarmos de que todo o pessoal que está em Serra Leoa está totalmente capacitado, com a melhor proteção possível", concluiu o especialista.

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