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Ajuste fiscal nos EUA exige alta de impostos ou corte de gastos superiores a 2,5% do PIB, estima IIF

A dívida federal dos Estados Unidos pode ultrapassar 130% do PIB até 2035 sem uma intervenção robusta, segundo relatório divulgado pelo Institute of International Finance (IIF)

Casa Branca: segundo IIF, o governo Trump , ao focar em cortes de impostos, estratégias de receitas baseadas em tarifas e reduções seletivas de gastos, levantou questões fundamentais sobre a sustentabilidade fiscal dos Estados Unidos (Giuseppe Amoruso / EyeEm/Getty Images)

Casa Branca: segundo IIF, o governo Trump , ao focar em cortes de impostos, estratégias de receitas baseadas em tarifas e reduções seletivas de gastos, levantou questões fundamentais sobre a sustentabilidade fiscal dos Estados Unidos (Giuseppe Amoruso / EyeEm/Getty Images)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 13 de março de 2025 às 15h19.

Última atualização em 13 de março de 2025 às 15h28.

A dívida pública dos Estados Unidos está em uma trajetória insustentável, afirmou o economista-chefe do Institute of International Finance (IIF), Marcelo Estevão, em relatório publicado nesta quinta-feira 13. Com o endividamento do país em 100% do Produto Interno Bruto (PIB) e déficits projetados para superar 6% da geração de riquezas nos próximos anos, Estevão projetou que o equilíbrio fiscal exigirá um ajuste que ultrapassa os 2,5% do PIB.

Sem o equilíbrio fiscal, a dívida pode ultrapassar 130% do PIB até 2035, projetou Estevão.Na prática, será necessário um aumento significativo de impostos ou uma redução drástica nos gastos para evitar uma crise fiscal ainda maior.

O economista-chefe do IIF ainda afirmou que a administração de Donald Trump, ao focar em cortes de impostos, estratégias de receitas baseadas em tarifas e reduções seletivas de gastos, levantou questões fundamentais sobre a sustentabilidade fiscal dos Estados Unidos.

Embora o governo tenha defendido que essas medidas estabilizariam as finanças públicas, disse Estevão, uma análise mais detalhada aponta para uma trajetória fiscal cada vez mais insustentável.

Políticas públicas pressionam endividamento

O relatório detalhou a situação fiscal dos Estados Unidos e os desafios impostos pelas reformas fiscais promovidas pela administração anterior. A análise apontou para o crescente impacto de programas obrigatórios de seguridade social, como o Social Security (seguridade social) e o Medicare, além do aumento das despesas com juros da dívida.

A despesa com seguridade social, afirmou o economista, deve consumir uma fatia ainda maior do orçamento federal. Em 2025, os gastos com esse programa devem alcançar 5,2% do PIB, aumentando para 6% em 2035.

O financiamento dessa despesa enfrenta desafios, já que orçamento da seguridade social pode se esgotar até 2033, o que tornará necessário aumentar impostos ou redução de benefícios.

Além disso, as despesas com os programas de saúde devem crescer, devido ao envelhecimento da população e à inflação nos custos de saúde. Este aumento coloca uma pressão considerável sobre o orçamento federal, que já enfrenta desafios de crescimento da dívida.

"O impacto dos juros também é significativo. O custo dos juros da dívida federal em 2025 deve atingir cerca de US$ 952 bilhões, ou 3,2% do PIB, e, em 2035, pode dobrar para US$ 1,8 trilhão, cerca de 4,1% do PIB. O aumento da dívida e dos juros pode criar um ciclo vicioso de endividamento, similar ao observado em economias emergentes", afirmou.

Ajuste fiscal de 2,5% do PIB

A solução para estabilizar a dívida dos Estados Unidos, segundo o economista, requer um ajuste fiscal de pelo menos 2,5% do PIB, o que equivale a um aumento de impostos ou cortes de gastos substanciais.

O governo americano, que atualmente arrecada 25% do PIB em impostos, está abaixo da média da OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), onde a arrecadação chega a 34%.

O programa de redução de tributos executado em 2017, que reduziu as taxas de impostos, contribuiu para uma queda nas receitas, especialmente entre as grandes corporações.

Embora o crescimento econômico tenha inicialmente impulsionado a arrecadação, as reformas fiscais limitaram a capacidade de aumentar a receita a longo prazo. O modelo do IIF sugere que, para estabilizar a dívida, o país precisa aumentar impostos ou cortar gastos, uma medida politicamente desafiadora.

"Sem uma ação fiscal vigorosa, o risco de crescimento reduzido e aumento dos custos de financiamento é grande, o que poderia prejudicar a economia de longo prazo. A pressão sobre o orçamento federal está crescendo, e a necessidade de uma reforma fiscal ampla torna-se cada vez mais urgente para evitar um futuro de instabilidade econômica e financeira", informou o relatório.

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