Mundo

Air fryer e vestido da Zara mais baratos? Milei elimina tarifas e abre Argentina para importações

Medida adotada pelo presidente pode impactar a indústria doméstica

Javier Milei, presidente da Argentina (Juan Mabromata/AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina (Juan Mabromata/AFP)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 11h56.

Última atualização em 8 de janeiro de 2025 às 16h52.

Tudo sobreArgentina
Saiba mais

O governo de Javier Milei tem ampliado a abertura da economia da Argentina, como parte de uma estratégia para  conter a inflação. A medida inclui a redução de tarifas para derrubar os altos preços de muitos produtos importados, de fritadeiras a eletrônicos.

Segundo informações do Financial Times, argentinos estão fazendo mais pedidos em plataformas de compras online estrangeiras, como a Amazon, e os supermercados estão começando a estocar suas prateleiras com sabão em pó Tide e atum enlatado equatoriano. Enquanto isso, o presidente argentino derruba uma série de impostos e regulamentações que tornaram muitos produtos importados quase inacessíveis.

Uma air fryer Black & Decker é vendida por US$ 100 nos Estados Unidos, enquanto que na Argentina o produto é vendido por US$ 289, de acordo com listagens em varejistas online. Outro exemplo é um vestido da Zara que custa US$ 25 nos EUA, mas é vendido por US$ 67 em território argentino. Já um iPhone 15 está à venda por US$ 799 nos EUA, no entanto custa US$ 2.800 na Argentina.

Os argentinos também reclamam que eletrônicos, roupas e outros bens produzidos internamente são superfaturados.

Com o objetivo de reduzir os preços ao consumidor e acelerar o declínio da inflação anual de três dígitos da Argentina, Milei cortou tarifas sobre dezenas de produtos, de cremes para acne a urnas funerárias. O governo eliminou a burocracia na agência alfandegária do país, incluindo uma regra que exigia que representantes de fabricantes locais dessem aprovação para algumas importações de seus rivais estrangeiros.

A administração de Milei também triplicou o valor anual em produtos que os cidadãos podem pedir do exterior para uso pessoal para US$ 3.000, isentando os primeiros US$ 400 de tarifas. A Amazon começou a oferecer frete grátis de alguns produtos de sua loja nos EUA para a Argentina em novembro.

Em 22 de dezembro, o governo parou de cobrar um imposto geral de 7,5% sobre todos os produtos importados e um imposto de 30% sobre as compras de cartão no exterior dos argentinos.

Rumo oposto ao dos EUA

As mudanças colocaram a Argentina no curso oposto de grande parte do resto do mundo. Nos últimos anos, os países europeus e os Estados Unidos ergueram novas barreiras comerciais para proteger as indústrias nacionais de importações baratas da China e de outros países.

Muitas empresas argentinas alertam que um aumento nas importações pode devastar o setor industrial, que emprega quase um quinto dos trabalhadores e já foi duramente atingido pela
crise econômica do país. A atividade manufatureira caiu 12,7% nos primeiros nove meses de 2024 em comparação com o mesmo período em 2023.

As reformas de Milei buscam liberalizar a economia. Governos do movimento peronista de esquerda, aliado a sindicatos, implementaram tarifas e subsídios para dar impulso à indústria nacional, enquanto governos de direita nas décadas de 1970 e 1990 descartaram restrições, causando ondas de fechamentos industriais.

Milei já manifestou seu desejo dar mais espaço ai mercado para reorientar a economia da Argentina, com foco em setores onde o país tem uma vantagem competitiva: agricultura, mineração, energia e tecnologia, que juntos empregam apenas 12% dos argentinos.

No início de 2024, o governo Milei implementou medidas para resolver essas questões, reduzindo os longos tempos de espera para pagamentos e lançando um título em dólar destinado a ajudar as empresas a quitar dívidas acumuladas com fornecedores.

Acompanhe tudo sobre:ArgentinaJavier Milei

Mais de Mundo

Trump oficializa tarifa de 25% para aço e alumínio; medida afeta Brasil

Venezuela envia aviões para repatriar imigrantes deportados dos EUA

Claudia Sheinbaum diz que México não pagará por muro de Trump na fronteira

Sob Trump, tarifas dos EUA voltarão a patamar da época da Segunda Guerra, diz estudo