Mundo

AIEA retorna a Teerã para acordo sobre programa nuclear

A delegação da AIEA quer negociar a assinatura de um acordo global que lhe permita investigar livremente a finalidade do programa nuclear iraniano

Herman Nackaerts e a delegação da AIEA sobre o Irã deixam o aeroporto de Schwechat, na Áustria: as negociações estão em um beco sem saída há vários anos. (©afp.com / Dieter Nagl)

Herman Nackaerts e a delegação da AIEA sobre o Irã deixam o aeroporto de Schwechat, na Áustria: as negociações estão em um beco sem saída há vários anos. (©afp.com / Dieter Nagl)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2013 às 11h56.

Teerã - Especialistas da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) iniciaram nesta quarta-feira em Teerã negociações que esperam que sejam construtivas sobre o delicado tema nuclear do Irã, país que continua defendendo seus direitos nesta questão.

A delegação de oito pessoas, dirigida pelo número dois da agência, Herman Nackaerts, prevê negociar com o representante iraniano na AIEA, Aliasghar Soltanieh, a assinatura de um acordo global que lhe permita investigar livremente sobre a finalidade do programa nuclear iraniano, sob suspeita de tentar se dotar de uma arma nuclear.

O Irã rejeita categoricamente estas suspeitas e alega que seu programa nuclear é puramente civil.

Trata-se, para esta agência da ONU, de obter um acesso mais amplo a alguns locais, documentos ou indivíduos, e, em particular, a base militar de Parchin, onde a AIEA suspeita que o Irã realiza testes de explosões convencionais que podem ser utilizadas para ativar uma bomba atômica.

As negociações estão em um beco sem saída há vários anos. Nackaerts esperava a assinatura de um acordo nesta quarta-feira, mas se mostrou muito cauteloso.

"Abordamos (estas novas negociações) com espírito positivo e esperamos que o Irã o faça da mesma maneira", declarou na terça-feira, antes de sair de Viena, onde se localiza a sede da AIEA.


Teerã reiterou, por sua vez, sua posição de firmeza: a AIEA, se quiser mais cooperação, deve reconhecer plenamente os direitos nucleares do Irã, entre eles o de enriquecimento de urânio, o maior ponto de controvérsia entre Teerã e a comunidade internacional, segundo o porta-voz da diplomacia iraniana, Rahmin Mehmanparast.

Além disso, o Irã seguirá negando o acesso dos especialistas à base de Parchin, que "não tem nenhum vínculo com atividades nucleares". Este tema só pode ser debatido no âmbito de um eventual acordo global, explicou o porta-voz.

Esta reunião com a AIEA será seguida com grande interesse pelo grupo 5+1, com quem o Irã debate a questão nuclear desde 2009.

Este grupo inclui os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, Rússia, China, França e Grã-Bretanha), além da Alemanha. Três rodadas de negociações infrutíferas foram realizadas em 2012 com este grupo.

O programa nuclear iraniano foi condenado por seis resoluções do Conselho de Segurança. Quatro delas incluíram sanções internacionais que foram posteriormente reforçadas de forma unilateral por Estados Unidos e União Europeia.


O Irã enfrenta, efetivamente, uma queda de suas exportações petrolíferas devido ao embargo dos países ocidentais.

Diante desta situação, o Irã deve adaptar sua economia reduzindo sua dependência das receitas petroleiras, afirmou nesta quarta-feira o presidente iranianom, Mahmud Ahmadinejad.

O Irã deve "realizar uma mudança estrutural (em sua economia) para utilizar as capacidades do país para superar as sanções", afirmou o presidente, que propôs em um discurso perante o Parlamento "o fim da dependência" orçamentária dos petrodólares, o que é "uma das fraquezas da economia".

Esta perda de receitas petroleiras, agravada por sanções bancárias que dificultam a repatriação de petrodólares, é avaliada pelos especialistas em 5 bilhões de dólares por mês.

Acompanhe tudo sobre:AIEAIraquePolítica

Mais de Mundo

Tesla reduz preços e desafia montadoras no mercado automotivo chinês

Alemanha prepara lista de bunkers e abrigos diante do aumento das tensões com a Rússia

Relatório da Oxfam diz que 80% das mulheres na América Latina sofreram violência de gênero

Xi Jinping conclui agenda na América do Sul com foco em cooperação e parcerias estratégicas