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AIEA está 'seriamente preocupada' com plano nuclear do Irã

Amano disse que, diante da falta de cooperação iraniana, não se pode ter 'certeza' sobre a ausência de atividades atômicas não declaradas no país

Amano: 'apesar de intensas negociações, não houve acordo sobre um mecanismo estruturado para resolver esses assuntos' (Samuel Kubani/AFP)

Amano: 'apesar de intensas negociações, não houve acordo sobre um mecanismo estruturado para resolver esses assuntos' (Samuel Kubani/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de março de 2012 às 11h26.

Viena - O diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, declarou nesta segunda-feira em Viena que a agência nuclear da ONU continua 'seriamente preocupada' com as possíveis dimensões militares do programa atômico do Irã.

Em seu discurso de abertura em reunião do Conselho de Governadores da AIEA, Amano disse que diante da falta de cooperação iraniana, sua agência não pode dar 'certeza' sobre a ausência de possíveis materiais e atividades atômicas não declaradas no país.

Essas afirmações foram feitas a poucas horas de uma reunião em Washington entre o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cujo governo está ameaçando há semanas o Irã com um possível ataque militar contra seu programa nuclear.

Amano lembrou diante dos 35 países-membros do Conselho de Governadores da AIEA que duas missões de alta categoria da agência estiveram no Irã nas últimas semanas, sem poder solucionar os temas pendentes da investigação, que já dura nove anos.

'Apesar de intensas negociações, não houve acordo sobre um mecanismo estruturado para resolver esses assuntos', afirmou Amano, que informou que seus analistas tentaram em vão visitar a polêmica instalação militar de Parchin, ao sul de Teerã.

Ali, os serviços de inteligência e também a AIEA suspeitam que tenham sido realizadas no passado algumas atividades relacionadas à pesquisa de desenvolvimento de bombas nucleares.

Teerã nega esses argumentos, mas continua proibindo a visita a Parchin, embora tenha permitido uma inspeção em outra base militar, onde a Aiea também tem suspeitas.

No entanto, essa visita alternativa foi rejeitada pelos especialistas do organismo, que insistem em inspecionar primeiro Parchin 'por razões de tática da investigação', explicou à Agência Efe um diplomata próximo à Aiea.


Amano indicou, entre outros assuntos, que o Irã triplicou sua produção mensal do urânio enriquecido até 20% e que instalou 2,46 mil novas centrífugas na grande usina de enriquecimento de Natanz, no centro do país.

Segundo o diretor-geral, o Irã ofereceu uma declaração sobre as alegações expostas em seu relatório de novembro, baseado em 'informações críveis' de dez países.

Porém, Amano destacou em referência a uma carta recebida na sexta-feira, que o Irã 'não respondeu de forma substancial a nenhuma das preocupações da agência'.

O diretor-geral ressaltou ainda que o 'principal objetivo' de sua agência é solucionar todos os assuntos pendentes, em particular os relacionados com as possíveis dimensões militares do programa nuclear iraniano, já que apenas dessa forma poderá ser restabelecida a confiança na natureza exclusivamente pacífica do programa atômico desse país, o que deve ocorrer 'sem mais demora', disse.

Para isso, sentenciou Amano, é de 'vital importância' contar com os pontos de vista dos países-membros da Aiea.

O Conselho de Governadores se reunirá nesta semana em Viena para analisar, entre outros assuntos, a investigação das atividades nucleares do Irã.

Diplomatas na capital austríaca não esperam que a junta adote uma resolução que condene o Irã, para não pôr em risco uma nova rodada de negociações atômicas do chamado grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha) com a República Islâmica. 

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