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AI denuncia sofrimento em cidade síria sitiada e bombardeada

O vídeo, gravado por civis entre 2014 e finais de fevereiro passado, mostra o temor e o sofrimento que gera viver sob as bombas


	Daraya, na Síria: as imagens revelam a destruição causada pelos bombardeios com barris explosivos
 (Kenan Al-Derani/Shaam News Network/Reuters)

Daraya, na Síria: as imagens revelam a destruição causada pelos bombardeios com barris explosivos (Kenan Al-Derani/Shaam News Network/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 19 de abril de 2016 às 11h05.

Cairo - A Anistia Internacional (AI) divulgou nesta terça-feira um vídeo que testemunha a trágica realidade da população síria de Daraya, sob o assédio das forças do regime desde novembro de 2012 e alvo de contínuos bombardeios com barris de explosivos.

Coincidindo com as conversas de paz em Genebra entre o regime e a oposição sírios, a AI espera que as imagens influenciem para que a comunidade internacional "redobre suas exigências ao governo sírio e que garanta imediatamente o vital acesso humanitário a Daraya e todas as zonas que seguem assediadas".

O vídeo, gravado por civis entre 2014 e finais de fevereiro passado, mostra o temor e o sofrimento que gera viver sob as bombas: "querem me matar" ou "sinto medo" são as respostas de duas crianças ao serem questionadas sobre estes ataques indiscriminados.

Outro menor chora junto ao corpo de seu irmão, ao quem pede que não lhe abandone, enquanto um pai recolhe entre os escombros a roupa e os brinquedos de sua filha morta nos bombardeios.

As imagens também revelam a destruição causada pelos bombardeios com barris explosivos, "uma arma imprecisa por definição que nunca deve ser utilizada perto de civis", segundo a organização.

Desde o início da trégua em 27 de fevereiro, não caíram bombas de barril sobre Daraya, mas -denunciou a AI- a cidade foi atacada com outras armas e os milhares de civis seguem sem provisão elétrica e sofrendo graves carências de alimentos e serviços médicos.

"É absolutamente degradante -embora não surpreendente- que o governo sírio tenha continuado bombardeando e matando de fome sua própria população civil", afirmou Magdalena Mughrabi, diretora adjunta do Programa Regional para o Oriente Médio e o Norte da África da AI na nota.

Para Mughrabi, "é inaceitável que a ONU e outros influentes atores internacionais não estejam fazendo mais para resolver a crítica situação que é vivida em Daraya e em outras localidades assediadas".

Segundo dados recolhidos pela Prefeitura de Daraya, entre janeiro de 2014 e a entrada em vigor da cessação de hostilidades foram lançadas sobre a cidade cerca de 6,8 mil bombas de barril, que são barris de petróleo, tanques de gasolina e bujões de gás recheados de explosivos, combustível e estilhaços e lançadas desde helicópteros.

Pelo menos 42 civis, 17 deles crianças, morreram e 1,2 mil ficaram feridos em consequência destas armas explosivas carentes de precisão, que causam uma grande destruição.

Os habitantes que ficam em Daraya - entre 4 mil e 8 mil, o resto fugiu - estão muito acostumados a correr aos refúgios assim que se aproximam helicópteros e a sair à rua quando veem que os aviões se afastam, segundo conta uma criança no vídeo.

"É difícil imaginar sequer a magnitude e a intensidade do sofrimento que a população civil de Daraya e outras zonas assediadas da Síria suportou. A cada dia que passa sem que chegue ajuda humanitária representa uma piora da crise humanitária", afirmou Mughrabi.

Por isso, insistiu que no marco das conversas de paz em Genebra é "absolutamente crucial que se dê caráter prioritário à abertura do acesso de ajuda humanitária a essas zonas".

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