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AI denuncia abuso de Quênia à comunidade somali

Segundo o órgão, na última operação antiterrorista, houve "extorsões, maus tratos e expulsões ilegais"


	Soldados no Quênia: 359 somalis foram deportados 
 (Stuart Price/AFP)

Soldados no Quênia: 359 somalis foram deportados  (Stuart Price/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2014 às 06h41.

Nairóbi - A Anistia Internacional (AI) denunciou nesta terça-feira os múltiplos abusos sofridos pela comunidade somali nas mãos da polícia do Quênia durante sua última operação antiterrorista, na qual houve "extorsões, maus tratos e expulsões ilegais".

"Parece que a operação está sendo utilizada como um pretexto para encobrir um castigo à comunidade somali no Quênia", alertou em comunicado a diretora regional da AI para a África, Michelle Kagari.

A Anistia documentou uma onda "preocupante" de graves violações dos direitos humanos sofridas desde que o Quênia iniciou, no começo de abril, um esquema de segurança que, segundo as autoridades, pretendia detectar estrangeiros em situação irregular e prender suspeitos de participação em atividades terroristas.

A maioria das mais de quatro mil realizadas pela polícia se concentrou no bairro de Eastleigh, em Nairóbi, onde a maioria dos residentes são refugiados e litigantes de asilo somalis.

A AI disse não ter conhecimento de um só somali detido nesta operação que tenha sido acusado de delitos relacionados com o terrorismo, por isso, na opinião de Kagari, os somalis se transformaram na "cabeça de porco".

Além disso, a organização documentou "vários casos de espancamentos, intimidação, extorsão e assédio sexual pelas forças de segurança" durante a operação policial.

"Também nos falaram de outros dois casos nos quais crianças pequenas morreram em consequência da operação de segurança", assinalou AI.

A organização também denunciou que 359 somalis foram deportados e mais de mil realocados à força em campos de refugiados superlotados e inseguros no norte do Quênia, entre eles algumas crianças que foram separados das mães.

Por causa dos últimos atentados terroristas no país, o governo do Quênia ordenou que todos os refugiados somalis abandonassem as áreas urbanas e retornassem aos dois acampamentos habilitados para eles no norte e no leste do país.

"O Quênia está violando sua própria constituição e o direito internacional ao submeter a comunidade somali a expulsões ilegais e tratamentos cruéis, desumanos e degradantes com o pretexto de sua operação antiterrorista", denunciou Kagari.

Dos 550.980 refugiados somalis que vivem no Quênia, 50.800 vivem em Nairóbi, de acordo com os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). 

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