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Ahed Tamimi, a garota rosto da resistência palestina

A adolescente de 17 anos cumpre dois meses de prisão após esbofetear um soldado de Israel e se transformou no símbolo contra a ocupação israelense

Ahed Tamimi, a garota rosto da resistência palestina (Ammar Awad/Reuters)

Ahed Tamimi, a garota rosto da resistência palestina (Ammar Awad/Reuters)

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EFE

Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às 07h28.

Nabi Saleh - Ahed Tamimi, a adolescente palestina de 17 anos que quer ser jogadora de futebol e atualmente cumpre dois meses de prisão após esbofetear um soldado israelense, se transformou em um símbolo da resistência de seu povo contra a ocupação israelense.

Esta jovem, "muito perigosa" na opinião da Justiça de Israel para estar em liberdade até o julgamento, não faz ideia de quanto tempo ainda ficará na prisão de Sharon, no norte de Tel Aviv, onde espera em uma cela junto com outras adolescentes pela decisão de um tribunal miliar israelense sobre as 12 acusações pelas quais responde.

Elas incluem atacar as forças de segurança, jogar pedras, participar de manifestações violentas, ameaças e incitação, algumas delas baseadas em fatos de anos atrás e que, segundo sua advogada, Gabi Lasky, só foram resgatados em represália ao vídeo em que bate em um soldado na porta de sua casa em Nabi Saleh, na Cisjordânia ocupada, e que viralizou no mundo todo.

Para Lasky, Israel pretende "dissuadir" outros jovens de seguir o exemplo de Tamimi.

Mas, assim como seus atos, sua prisão a converteu na face do ativismo palestino, que diariamente a compara com Joana D'Arc, Anne Frank ou Nelson Mandela.

Ahed mata as horas na prisão lendo romances, preparando-se para o "tawjihi" (vestibular), praticando esportes e, sempre que pode, procura a companhia da sua mãe, Nariman, encarcerada no mesmo centro por cinco crimes, que também incluem agressão ao soldado.

Seu pai, Basem, ativista e ex-prisioneiro de Israel, ainda não as visitou porque não conseguiu permissão para entrar no país.

A agressão aos soldados registrada em vídeo é apenas a última de uma série de enfrentamentos entre a jovem de longos cabelos loiros - raros na região - e as forças de segurança israelenses.

Após a dura experiência da segunda Intifada, Nabi Saleh aderiu em 2009 ao movimento da resistência "não-violenta", com protestos focados em manifestações contra a apropriação da colônia judaica de Halamish de uma nascente de água usada pelos palestinos por gerações.

Este contexto expôs Ahed, então uma menina de 9 anos, cara a cara com a ocupação: detenções, soldados nas ruas, canhões de água de cheiro ruim, granadas, gás lacrimogêneo, balas de borracha e até munição real, como a que matou seu tio Rushdie, de 31 anos, em 2012.

Nabi Saleh se tornou um ícone, de quem ativistas e curiosos de todo o mundo se aproximavam quando iam à Cisjordânia, em busca de conhecer uma família que já faz parte da história recente da Palestina.

Os Tamimi foram retratados em 2013 em um artigo do jornal "The New York Times" que questionava se não seria nessa pequena localidade de 600 habitantes, rodeada de assentamentos, onde explodiria a Terceira Intifada.

O chamativo cabelo comprido, os olhos claros e o rosto marcado de Ahed foram difundidos na imprensa durante anos, assim como as outras crianças do povoado, que por decisão do clã foram incluídas em atividades de protesto "para ajudá-los a processar sua realidade".

Ali as crianças impedem ou presenciam as detenções de familiares, e enfrentam os soldados.

Diante deles Ahed mostra uma integridade e seriedade incomuns para uma adolescente, que em seu tempo livre joga futebol e monta coreografias de Rihanna com sua prima Jana, outra 'menina-fenômeno' do assentamento que, aos 11 anos, é conhecida como "a jornalista mais jovem do mundo".

Sua atitude valeu elogios do presidente palestino, Mahmoud Abbas e do primeiro-ministro turco, Recep Tayip Erdogan, e inspirou o artista irlandês Jim Fitzpatrick, autor do icônico retrato em branco e preto de Che Guevara, a convertê-la em heroína em um pôster com a legenda: "Há uma Mulher-Maravilha real".

Sua prisão mobilizou escritores, artistas e acadêmicos dos Estados Unidos, entre eles Rosario Dawson e Angela Davis, e essa mobilização pode ser acompanhada nas redes sociais pela hashtag # FreeAhed, além de dar visibilidade à situação de outros 330 menores palestinos encarcerados em prisões israelenses.

"Ela sempre diz a mesma coisa quando perguntam o que quer ser", disse seu pai, que acredita que a jovem "tímida, calada, valente e forte" ficou famosa, entre muitas razões, porque, com os seus olhos azuis e seu cabelo loiro, "é identificada pela mentalidade ocidental".

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