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Agnelo demite delegados após vazamento de conversas

As demissões, publicadas hoje no Diário Oficial, ocorrem depois do vazamento de conversas telefônicas entre Queiroz e o policial militar João Dias

Agnelo Queiroz assume o governo do Distrito Federal: ele vai tentar moralizar a política local

Agnelo Queiroz assume o governo do Distrito Federal: ele vai tentar moralizar a política local

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2011 às 18h50.

Brasília - Em meio à maior crise política desde o início de sua gestão, o governador do Distrito Federal (DF), Agnelo Queiroz (PT), exonerou 51 delegados - 43 deles chefes de departamentos - e dirigentes da Polícia Civil, inclusive a diretora-geral, Mailini Alvarenga. As demissões, publicadas hoje no Diário Oficial, ocorrem depois do vazamento de conversas telefônicas entre Queiroz e o policial militar João Dias, delator do suposto esquema de desvio de recursos que derrubou o ministro do Esporte Orlando Silva, na semana passada.

As escutas revelam intimidade entre o governador e o militar, a quem Queiroz trata por "meu mestre" e se dispõe a ajudá-lo a maquiar a prestação de contas de convênios, no valor de R$ 3,4 milhões, que duas ONGs dele obtiveram do Programa Segundo Tempo. Dias teve as contas rejeitadas e o Ministério cobrava a devolução do dinheiro. Por meio de nota, o governador tentou minimizar a crise, alegando que não se trata de demissão em massa, mas de "reacomodações" naturais em razão da mudança na cúpula.

Segundo o governador, a Operação Shaolin, que o investigou denúncias de desvio de recursos do Programa Segundo Tempo em 2010, quando ele disputava a eleição, foi concebida num ambiente de espionagem criminosa praticada por grupos da Polícia Civil "contaminados por forças políticas do passado". Essa ala, explicou, era ligada aos ex-governadores Joaquim Roriz (PSC), que disputava o pleito, apesar de vetado pela Lei da Ficha Limpa e José Roberto Arruda (então DEM), preso e cassado na operação Caixa de Pandora.

Para ele, "apesar de todo esforço e do excelente quadro" da corporação, a diretora-geral não conseguiu enquadrar os revanchistas. "Esses pequenos grupos ainda insistem em cometer desmandos, transformando o que deveriam ser investigações em fatos políticos, criando artificialmente denúncias", disse. "Estes, sim, serão afastadas do poder por estarem envolvidas em denúncias e não se conformarem com a mudança de gestão na condução do governo", enfatizou.


Na mesma edição do Diário Oficial, o governador nomeou 29 delegados para outras funções. Alguns ainda serão reaproveitados mas os demais devem ficar na "geladeira", ou mesmo responder processo administrativo. O Ministério Público teme que a mudança radical cause prejuízo a várias investigações em curso contra o crime organizado, corrupção e desvios de dinheiro público.

Os vazamentos de escutas para atingir o governador não eram a única queixa contra Mailini. No cargo desde o início do ano, ela era acusada de falta de pulso para conter a onda de insubordinação em toda a cadeia de comando da instituição, que está em greve geral há mais de uma semana, com adesão até de delegados. "A mudança na corporação é no sentido de superar uma série de movimentos grevistas, como o de agora", observou Queiroz.

No lugar de Mailini, assumiu o comando da instituição o experiente delegado Onofre de Moraes, há 34 anos na casa, que prometeu dar sequência ao programa de profissionalização iniciado pela antecessora. "(A mudança) Não pode ser interpretada como retaliação, pelo contrário, é um gesto até para preservar a ex-diretora", acrescentou o governador.

A Polícia Civil do DF é a mais bem paga do País, com salários que variam de R$ 7,5 mil - agente em início de carreira - a R$ 21 mil - delegado especial. É conhecida também como uma das mais insubordinadas, além de exposta à excessiva partidarização de seus membros, cinco deles exercendo mandatos parlamentares e outros ocupando postos chaves no Poder Executivo.

Técnica, Mailini tinha problema de relacionamento com eles. Ex-diretores, como os delegados Durval Barbosa, delator da Caixa de Pandora, e Celso Ferro, ambos aposentados, montaram na instituição uma poderosa máquina de grampos que, volta e meia, é usada para chantagear políticos e pressionar governos eleitos.

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