Mundo

Agência de Energia Atômica visita Fukushima no momento em que Japão retoma energia nuclear

Usina foi danificada e teve seu funcionamento interrompido após o tsunami de 2011

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 07h25.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 07h39.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o argentino Rafael Grossi, visitou nesta quarta-feira, 19, a central nuclear danificada de Fukushima, um dia após o governo do Japão aprovar um plano que contempla o retorno à energia atômica. Grossi visitou a usina para supervisionar os trabalhos de descontaminação do solo do local.

A AIEA monitora o trabalho do Japão para desativar a central de Fukushima Daiichi, danificada pelo tsunami desencadeado em 11 de março de 2011 por um terremoto, que deixou 18.000 mortos e provocou o acidente nuclear mais grave desde o de Chernobyl em abril de 1986.

O Japão se comprometeu na época a "reduzir sua dependência da energia nuclear dentro do possível".

O governo japonês, no entanto, aprovou na terça-feira um plano para aumentar o uso de energia nuclear diante da crescente demanda energética provocada pela Inteligência Artificial (IA) e pelas fábricas de semicondutores.

"Em um momento em que o Japão empreende um retorno gradual da energia nuclear à sua matriz energética, é importante que isso seja feito com total segurança e com a confiança da sociedade", disse Grossi após uma reunião com o ministro japonês das Relações Exteriores, Takeshi Iwaya.

O Japão divulgou na terça-feira o Plano Estratégico de Energia, que inclui a intenção de que as energias renováveis sejam a principal fonte de energia do país até 2040.

Segundo o plano, a energia nuclear representará quase 20% do abastecimento energético do Japão até 2040, contra 5,6% em 2022.

Os 10 países do mundo mais dependentes de energia nuclear

Descontaminação do solo

O retorno à energia nuclear acontece em meio ao processo de desativação de Fukushima Daiichi, o que deve levar décadas e exige a retirada de 880 toneladas de escombros radioativos dos reatores.

Até o momento, apenas uma pequena amostra foi recuperada com o auxílio de uma garra robotizada.

Em sua quinta visita a Fukushima, Grossi observou pela primeira vez o armazenamento temporário de terra perto da usina.

Quase 13 milhões de metros cúbicos de solo e 300.000 metros cúbicos de resíduos da incineração de matéria orgânica foram removidos do solo da região para evitar a radiação e armazenados.

As autoridades japonesas planejam reciclar cerca de 75% do solo contaminado - aquele com baixo nível de radioatividade - usando-o, se for garantido que é seguro, para estruturas de engenharia civil, como aterros de estradas e trilhos de trem.

O material que não puder ser reciclado deverá ser descartado até 2045.

"Em termos de calendário, que foi estabelecido por lei para 2045, acreditamos que não é algo irreal. Pode ser feito", declarou Grossi à imprensa.

A AIEA publicou seu relatório final sobre a reciclagem e a descontaminação do solo em setembro. O texto afirma que a abordagem do Japão é coerente com as normas de segurança da ONU.

Especialistas da AIEA e de países vizinhos, como China e Coreia do Sul, também coletaram amostras de água do mar e peixes de Fukushima nesta quarta-feira.

"Assim, poderão verificar por conta própria que o que estamos fazendo é totalmente coerente e completamente seguro", afirmou Grossi.

Acompanhe tudo sobre:Energia nuclearFukushimaJapãoÁsia

Mais de Mundo

Há 43 anos no poder, presidente mais velho do mundo anuncia candidatura para oitavo mandato

Frustrado com Putin, Trump sondou Zelensky sobre capacidade de ataque a Moscou, diz jornal

Tarifa de Trump ao Brasil afetará mais de 6.500 pequenas empresas dos EUA, dizem câmaras de comércio

Nem em piores pesadelos imaginaria uma tarifa de Trump assim, diz diretor da Suzano