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Sul-africanos se conformam com estado "crítico" de Mandela

População adotou uma postura melancólica de resignação diante da perspectiva iminente de se despedirem do ex-presidente

Homem lê jornal em Cape Town com a notícia do estado de saúde do ex-presidente Nelson Mandela na capa (Mark Wessels/Reuters)

Homem lê jornal em Cape Town com a notícia do estado de saúde do ex-presidente Nelson Mandela na capa (Mark Wessels/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2013 às 09h56.

Johanesburgo - Os sul-africanos adotaram nesta segunda-feira uma postura melancólica de resignação diante da perspectiva iminente de se despedirem do ex-presidente Nelson Mandela, de 94 anos, internado em estado crítico num hospital.

Madiba, como é carinhosamente chamado, é reverenciado pela maioria dos 53 milhões de habitantes do país como o arquiteto da democracia multirracial instaurada em 1994, após três séculos de domínio branco.

Mas sua atual hospitalização, a quarta em seis meses, reforça a noção de que o ícone da luta contra o apartheid não irá durar para sempre.

O presidente Jacob Zuma, que visitou Mandela na noite de domingo, refletiu sobre o estado de ânimo da nação numa entrevista coletiva em que anunciou que Mandela permanece em estado crítico.

"Todos nós no país devemos aceitar que Madiba agora está idoso. À medida que ele envelhece, sua saúde irá perturbá-lo", disse Zuma, sem entrar em detalhes sobre o quadro clínico.

"Por causa do horário, ele já estava dormindo. Nós o vimos, olhamos para ele, e então conversamos um pouco com os médicos e a mulher dele", contou Zuma, acrescentando que a situação de Mandela não deve afetar a visita do presidente norte-americano, Barack Obama, à África do Sul na semana que vem.

Mandela foi internado há duas semanas por causa de uma infecção pulmonar. Na ocasião, seu estado foi descrito como grave, mas estável. Mas o agravamento do fim de semana causou uma perceptível mudança de tom no país, que passou pelas orações pelo restabelecimento para preparativos para uma despedida.


"Se for a hora dele de ir, pode ir. Desejo que Deus possa cuidar dele", disse a enfermeira Petunia Mafuyeka, que ia para o trabalho em Johanesburgo. "Vamos sentir muito a falta dele. Ele lutou por nós para nos dar liberdade. Vamos nos lembrar dele todo dia. Quando ele se for eu vou chorar."

Algumas pessoas manifestaram a preocupação de que os médicos tentem prolongar desnecessariamente a vida de Mandela, primeiro presidente negro da África do Sul e uma das figuras mais influentes do século 20.

"Estou preocupada de que estejam mantendo-o vivo, sinto que deveriam deixá-lo ir embora", disse Doris Lekalakala. "O homem está velho. Deixe a natureza seguir seu rumo. Ele precisa simplesmente descansar." Mandela deixou a Presidência em 1999, após cumprir um só mandato, e desde então se mantém politicamente discreto no país, o mais rico da África. Sua morte não deve causar grande impacto político.

Sua última aparição pública foi acenando para torcedores em um carrinho elétrico, logo antes da final da Copa do Mundo de 2010, em Johanesburgo.

Desde sua aposentadoria, Mandela se divide entre sua casa, no refinado bairro de Houghton, em Johanesburgo, e Qunu, a aldeia na província pobre do Cabo Oriental, onde ele nasceu.

A última imagem dele foi exibida em abril pela TV pública, durante visita de Zuma e de outros dirigentes do partido governista CNA à casa dele. Mandela então já apareceu frágil e magro, sentado sem expressão em uma poltrona.

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