Vacinação na África do Sul: oportunidade de comprar 20 milhões de doses da Johnson & Johnson (POOL/AFP/Getty Images/Getty Images)
Carolina Riveira
Publicado em 8 de fevereiro de 2021 às 13h27.
Última atualização em 8 de fevereiro de 2021 às 15h27.
A África do Sul está em negociações com a Johnson & Johnson para comprar 20 milhões de doses adicionais da vacina contra a covid-19 da empresa. O país também recebeu uma oferta para a compra da vacina russa Sputnik V, de acordo com apresentação do Ministério da Saúde ao gabinete.
O documento, que foi visto pela Bloomberg, também revela que a Sygnia, empresa de serviços financeiros com sede na Cidade do Cabo, estava em conversas com o Instituto Serum, da Índia, para o desenvolvimento de uma vacina, condução de um ensaio e compra de 10 milhões de doses para a África do Sul. A apresentação tem data de 28 de janeiro e não foi possível confirmar se algum dos detalhes mudou desde então.
A África do Sul está atrasada na corrida global de vacinação para evitar mais mortes e piora da crise econômica, e pretendia distribuir as primeiras vacinas neste mês.
Esses planos sofreram um revés quando resultados de um pequeno estudo divulgado na semana passada indicaram que a vacina desenvolvida pela AstraZeneca e Universidade de Oxford oferece pouca proteção contra casos leves da variante do coronavírus identificada pela primeira vez na África do Sul. Não há dados sobre o impacto nos casos graves da doença.
A J&J disse na semana passada que sua vacina de dose única evitou 57% dos casos leves da variante e todos os casos graves.
Há uma “oportunidade de acessar mais 20 milhões de doses” da J&J, disse o Departamento de Saúde na apresentação. O departamento está “aguardando feedback da J&J”.
A J&J disse que está em “discussões avançadas” com o governo sul-africano sobre possíveis colaborações adicionais para combater a covid-19 no país e que espera poder compartilhar mais detalhes nos próximos dias.
“Estamos empenhados em atender às necessidades das populações mais vulneráveis e em risco no mundo todo e em apoiar um maior entendimento clínico das variantes para ajudar a impedir sua propagação”, disse a empresa em resposta por e-mail às perguntas.
“Reconhecemos a importância de garantir que as pessoas na África tenham acesso oportuno à nossa vacina. Nós nos comprometemos a fornecer até 500 milhões de doses de vacinas para países de baixa renda, com entrega a ser iniciada em meados de 2021.”
O Ministério da Saúde e o Tesouro Nacional fazem parte de uma comissão interministerial sob o comando do vice-presidente David Mabuza e que supervisiona a distribuição das vacinas, disse o porta-voz da presidência, Tyrone Seale. Os detalhes delineados na apresentação ao gabinete serão levados em consideração, disse.
O Departamento de Saúde, a Sygnia e o Serum Institute não responderam de imediato a perguntas enviadas por e-mail.
A apresentação também disse que a Lamar International, uma farmacêutica da Cidade do Cabo, indicou a disponibilidade imediata de 15 milhões de doses da vacina russa Sputnik V para a África do Sul. A Pharma-Q, empresa sul-africana que fabrica produtos farmacêuticos sob contrato, disse que poderia disponibilizar 8 milhões de vacinas.
A Lamar conversou com a reguladora de produtos farmacêuticos da África do Sul e fez uma apresentação preliminar para a agência na semana passada, de acordo com o CEO da empresa, Jerome Smith, e com a diretora Naz Gamieldien. Embora a possibilidade de reservar 15 milhões de doses de Sputnik para a África do Sul tenha sido discutida, a oferta precisaria de aprovação e teria um prazo para ser confirmada, disseram.