Fogo é visto em hospital da Médicos Sem Fronteiras atacado pelos EUA no Afeganistão: também nesta segunda-feira, o MSF reiterou seu pedido de uma investigação independente do incidente, dizendo que discrepâncias nos relatos do que aconteceu tornam tal inquérito “ainda mais crítico” (REUTERS/Medecins Sans Frontieres/Handout)
Da Redação
Publicado em 5 de outubro de 2015 às 16h02.
Washungton - Forças afegãs pediram apoio aéreo dos Estados Unidos no combate ao Taliban na cidade de Kunduz pouco antes de um ataque aéreo que resultou na morte de civis na localidade, afirmou o comandante norte-americano das forças internacionais no Afeganistão nesta segunda-feira.
O general do Exército dos EUA John Campbell não chegou a admitir abertamente a responsabilidade de seu país pelo bombardeio que matou 22 pessoas em um hospital afegão administrado pela entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF) no sábado.
Também nesta segunda-feira, o MSF reiterou seu pedido de uma investigação independente do incidente, dizendo que discrepâncias nos relatos do que aconteceu tornam tal inquérito “ainda mais crítico”.
“Agora ficamos sabendo que, em 3 de outubro, forças afegãs alertaram que estavam sob fogo de posições inimigas e que pediram apoio aéreo das forças dos EUA”, disse Campbell a repórteres.
“Um ataque aéreo então foi solicitado para eliminar a ameaça do Taliban, e vários civis foram atingidos acidentalmente”.
Campbell afirmou que as forças norte-americanas não estavam diretamente na linha de fogo no incidente e que a ofensiva aérea não foi ordenada em seu nome, ao contrário de afirmações anteriores dos militares dos EUA.
Em um comunicado, o diretor-geral do MSF, Christopher Stokes, disse que os comentários de Campbell equivalem à tentativa de atribuir a responsabilidade do ataque ao governo afegão.
“A realidade é que os EUA lançaram essas bombas”, afirmou em sua declaração. “Os EUA atingiram um hospital enorme cheio de pacientes feridos e de funcionários do MSF.
Os militares dos EUA continuam sendo os responsáveis pelos alvos que atingem, embora sejam parte de uma coalizão. Não pode haver justificativa para este ataque horrível”.
O general de brigada do Exército norte-americano Richard Kim é o investigador mais graduado do incidente e está em Kunduz, disse Campbell, segundo o qual os militares dos EUA irão garantir a transparência na investigação e autoridades afegãs e da Otan) também irão realizar seus próprios inquéritos.