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Afeganistão diz trabalhar pela paz sem Paquistão

Segundo vice-chanceler afegão, país está pronto para trabalhar sem a ajuda do governo paquistanês na reconciliação


	Soldado na província de Kunar, no Afeganistão: foi a primeira vez que o país sugeriu a possibilidade de prosseguir sozinho no processo de paz
 (Simon Lim/AFP)

Soldado na província de Kunar, no Afeganistão: foi a primeira vez que o país sugeriu a possibilidade de prosseguir sozinho no processo de paz (Simon Lim/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2013 às 12h45.

Cabul - O Afeganistão está chocado com a "complacência" do Paquistão no nascente processo de paz afegão, e está pronto para trabalhar sem a ajuda do governo paquistanês na reconciliação, afirmou o vice-chanceler afegão, Jawed Ludin, à Reuters, nesta quarta-feira.

Foi a primeira vez que o Afeganistão sugeriu a possibilidade de prosseguir sozinho no processo, sem o vizinho. O Paquistão, uma potência regional, é visto como crucial para estabilizar o Afeganistão devido aos antigos laços com grupos insurgentes.

Ludin disse que o governo afegão vai procurar figuras importantes do Taliban que estavam na prisão de Bagram, recentemente entregues pelos Estados Unidos, para pedir aos militantes que busquem a paz. Ele não entrou em detalhes.

Autoridades afegãs têm pressionado bastante o Paquistão para encorajar o Taliban e outros grupos a se juntarem aos esforços de reconciliação, e o governo afegão tinha mencionado progresso depois de o Paquistão libertar alguns prisioneiros talibans que poderiam promover a paz.

Mas Ludin, amplamente creditado por dar forma à política externa do Afeganistão, disse à Reuters em uma entrevista que o país tinha notado uma mudança na posição paquistanesa com relação aos esforços de paz, que estão ganhando mais urgência conforme as forças estrangeiras se preparam para sair até o final de 2014.

"Nós aqui em Cabul estamos um pouco em estado de choque, em ser mais uma vez confrontado com a profundidade da complacência do Paquistão, estamos apenas muito decepcionados", disse ele.

"Mas o que tem acontecido nos últimos meses, para nós, vemos que o Paquistão está mudando o seu objetivo cada vez que chegamos a um entendimento." O Afeganistão também disse que havia cancelado uma viagem militar ao Paquistão devido ao "inaceitável bombardeio paquistanês" nas regiões montanhosas das fronteiras orientais do país.

Mais de duas dezenas de granadas paquistaneses foram disparadas contra a província oriental afegã de Kunar, na segunda e terça-feira. O cancelamento da viagem e dias de furiosas discussões diplomáticos têm colocado pressão ainda maior sobre uma relação frágil.

O Afeganistão expressou sua preocupação com o que chamou de tentativa do Paquistão de afastar o governo do presidente Hamid Karzai do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, durante sua visita a Cabul nesta semana, disse Ludin.

"O conceito do Paquistão do processo de paz é aquele que irá inverter a realização dos últimos 10 anos, que nega a centralidade do Estado afegão".

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