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Aeroporto de Heathrow, em Londres, retomará voos após apagão causado por incêndio

Em comunicado, o aeroporto — o mais movimentado da Europa e o segundo no mundo — também afirmou esperar 'realizar uma operação total no sábado

Aeroporto de Heathrow: aviões foram liberados para voltar a pousar e decolar na pista (Glyn KIRK /AFP)

Aeroporto de Heathrow: aviões foram liberados para voltar a pousar e decolar na pista (Glyn KIRK /AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 21 de março de 2025 às 14h02.

Última atualização em 21 de março de 2025 às 14h04.

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O Aeroporto de Heathrow, em Londres, anunciou nesta sexta-feira que poderá retomar voos de forma segura após uma perda de energia em decorrência de um incêndio em uma subestação elétrica em Londres ter forçado seu fechamento, fazendo a ressalva de que os passageiros só se dirijam ao local se forem notificados por suas companhias aéreas.

Em comunicado, o aeroporto — o mais movimentado da Europa e o segundo no mundo — também afirmou esperar "realizar uma operação total amanhã (sábado)", acrescentando que suas equipes trabalharam "incansavelmente desde que o incidente começou para garantir uma recuperação rápida". As causas do incêndio na subestação em Hayes, subúrbio do oeste da capital britânica, estão sob investigação da polícia antiterrorismo, mas a polícia metropolitana afirmou que, por enquanto, não há indicação de ato criminoso.

Mais cedo, um porta-voz do aeroporto havia afirmando que o aeroporto permaneceria fechado "até 23h59 locais (20h59 em Brasília) do dia 21 de março", acrescentando esperar “interrupções significativas nos próximos dias". Com a suspensão, a previsão era de que ao menos 1.351 voos de entrada e saída fossem afetados, de acordo com o Flightradar24, um site de rastreamento de voos. Já segundo a empresa de análise de companhias aéreas Cirium, até 145 mil passageiros poderiam ser impactados.

O incêndio na subestação que abastece o aeroporto começou às 23h23 locais de quinta-feira, disseram os bombeiros, que anunciaram por volta das 8h desta sexta-feira que conseguiram "controlar o fogo e evitar que se propagasse".

Segundo Jonathan Smith, porta-voz do Corpo de Bombeiros, o incêndio afetou "um transformador que continha 25.000 litros de óleo de resfriamento", que pegou fogo e causou "um risco significativo devido à presença de equipamentos de alta tensão". De acordo com o ministro britânico da Energia britânico, Ed Miliband, o apagão deixou 100.000 casas sem energia durante a noite.

O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), o irlandês Willie Walsh, criticou o aeroporto.

"Como uma infraestrutura de importância nacional e global pode ser completamente dependente de uma única fonte de energia sem alternativa? Esta é uma falha clara de planejamento por parte do aeroporto", disse Walsh na rede X.

Antes do anúncio da retomada das operações, uma fonte do aeroporto disse à rede britânica BBC que geradores foram acionados, mas não eram suficientes para religar a energia em todo o aeroporto. Ela também acrescentou que estava em andamento um processo para redirecionar energia para as partes da operação afetadas, mas que isso levava tempo.

O custo do fechamento de Heathrow para o aeroporto e as companhias aéreas "provavelmente excederá 50 milhões de libras (cerca de US$ 65 milhões ou R$ 368 milhões)", disse o consultor de aviação Philip Butterworth-Hayes à AFP.

Efeitos mundiais

No ano passado, uma média diária de mais de 220 mil passageiros viajaram pelo aeroporto em voos oferecidos por 90 companhias aéreas para mais de 180 destinos. Dos quase 84 milhões de passageiros que passaram pelo aeroporto em 2024, um terço vinha da vizinha União Europeia.

— Estou planejando essa viagem há três meses. Gastei muito dinheiro com as passagens — lamentou Muhammad Khalil, de 28 anos, à AFP na estação Paddington de Londres, quando estava prestes a pegar o metrô para Heathrow.

Quando o fechamento foi anunciado nesta sexta-feira de manhã, havia 120 aeronaves a caminho de Heathrow, forçando desvios para aeroportos alternativos como o de Gatwick, também em Londres; de Schiphol, em Amsterdã; Charles de Gaulle, em Paris; Shannon, na Irlanda; e Frankfurt, na Alemanha. Outros aviões tiveram de retornar ao ponto de partida.

A British Airways afirmou que o fechamento de seu principal hub "terá claramente um impacto significativo em nossas operações e em nossos clientes". "Estamos trabalhando o mais rapidamente possível para informá-los sobre suas opções de viagem para as próximas 24 horas e além", declarou a companhia.

Um porta-voz da Aena, operadora aeroportuária espanhola, informou que 54 voos estavam programados para esta sexta-feira, principalmente de Madri e Barcelona, com destino ou origem em Heathrow. Em Sydney, na Austrália, a Qantas informou que dois voos a caminho de Heathrow – um direto de Perth e outro com escala em Cingapura – foram desviados para o Charles de Gaulle. Um voo da Korean Air, que partiria do Aeroporto de Incheon, na Coreia do Sul, foi adiado em 22 horas, informou a companhia aérea.

Sete voos da United Airlines retornaram ao aeroporto de origem ou foram redirecionados para outros terminais. No Aeroporto de Changi, em Cingapura, um casal que viajaria para Londres contou à AFP que já estava na área de embarque quando foi informado sobre o cancelamento.

— Disseram que o voo foi cancelado porque houve um incêndio em Londres. Nos hospedaram em um hotel e vão nos informar quando o próximo voo estiver disponível. Isso foi tudo o que nos disseram — disse o homem que preferiu não se identificar.

Investigação policial

A investigação sobre o incêndio está em mãos da polícia antiterrorismo como medida de precaução, dado o impacto em "infraestrutura nacional crítica", disseram as autoridades. Mas, mesmo que a hipótese de uma eventual sabotagem seja descartada, haverá grandes questões de segurança sobre como uma parte tão importante da infraestrutura do país pode ter sido completamente interrompida por um único incêndio.

"Estamos trabalhando com os bombeiros de Londres para determinar a causa do incêndio. Embora não haja atualmente qualquer indicação de um ato criminoso, mantemos o espírito aberto a qualquer possibilidade", declarou a polícia num comunicado.

Em uma entrevista coletiva previamente nesta sexta, o porta-voz do primeiro-ministro britânico afirmou que é "muito cedo para dizer o que causou o incêndio".

— Haverá um momento para uma investigação completa. Há perguntas a serem respondidas, mas nossa prioridade agora é que esse incidente seja tratado apropriadamente — disse.

Alan Mendoza, do Henry Jackson Society, um centro de estudos especializado em política externa e segurança nacional, disse que as consequências desse incêndio revelam um problema estrutural.

— A situação atual em Heathrow mostra o problema crítico de infraestrutura nacional do Reino Unido. Incêndios acontecem, mas não deveriam ser capazes de interromper um aeroporto inteiro, pois sugerem que os sistemas de backup são inadequados. Uma auditoria nacional completa é necessária para evitar recorrências — disse.

Heathrow

Inaugurado em 1946 como Aeroporto de Londres, foi renomeado para Heathrow em homenagem a uma vila demolida dois anos antes para dar lugar à construção do terminal. Localizado 25 quilômetros a oeste do centro de Londres, Heathrow atualmente possui quatro terminais, com os de número 2 e 4 ainda sem energia na tarde local desta sexta (manhã em Brasília).

Cinco grandes aeroportos atendem Londres e cidades próximas. Entretanto, a capacidade está no limite, especialmente em Heathrow, cujas duas pistas medem quase quatro quilômetros de comprimento cada. Em janeiro, o governo britânico deu permissão para a construção de uma terceira pista — que pode ficar pronta até 2035 — após anos de disputas legais devido à oposição de moradores locais.

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