Medalhas das Olimpiadas de Londres: O sistema foi inaugurado nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, e desde então teve 70 audiências diferentes (Getty Images / Scott Olson)
Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2012 às 20h53.
Miami (EUA) - Apesar de ser difícil de acreditar, os advogados também ''ganham'' medalhas olímpicas, já que alguns deles se dedicam a defender de maneira gratuita e diante de um tribunal os atletas que consideram ter sido tratados injustamente.
A situação foi explicada nesta terça-feira por Miguel Ángel Fernández Ballesteros, um dos 270 juízes de todo o mundo que formam a Corte Arbitral do Esporte (CAS), dedicada à solução de problemas esportivas quando as partes são incapazes de resolver suas divergências.
O também presidente da Corte de Arbitragem de Madri participa nesta semana da reunião sobre arbitragem internacional, que a cada ano é realizada em Miami, na câmara de Comércio Internacional, onde concedeu nesta terça uma conferência sobre a arbitragem esportiva.
Apenas 12 desses juízes tratam dos Jogos Olímpicos e estão disponíveis o tempo todo para que os competidores ou federações possam recorrer a eles pedindo que decidam sobre alguma disputa, algo que se comprometem a fazer em um prazo máximo de 24 horas.
''Nos Jogos Olímpicos, fica estabelecido o recorde de qualquer tribunal arbitral: em 24 horas, são resolvidos os conflitos'', disse Ballesteros.
Em entrevista à Agência Efe, o espanhol declarou que no caso dos Jogos Olímpicos, o CAS, com sede em Lausanne (Suíça), envia 12 juízes que dão assistência durante toda a competição (mesmo com dez dias antes) e exercem sua incumbência ''pro bono'' (de forma gratuita).
''Para defender cada causa também não faltam advogados, que de maneira também gratuita defendem os interesses de cada parte, e são realmente bons. Se forem bem no caso, poderão mudar para toda a vida a carreira de um atleta'', declarou o juiz.
''Por isso é dito que as vezes as medalhas olímpicas também são ganhas pelos advogados'', explicou.
O sistema foi inaugurado nos Jogos Olímpicos de 1996, em Atlanta, e desde então teve 70 audiências diferentes, 12 delas em Londres. Um dos casos recentes foi o do cavaleiro sul-africano Alexander Peternell, cuja federação não o apresentou aos Jogos Olímpicos de Londres.
''Ele recorreu à CAS, que determinou que o cavaleiro tinha direito a participar, e no dia seguinte ele já estava inscrito nos Jogos'', contou.
Por isso, no que se refere ao doping, uma das maiores ocupações da corte é ser inflexível com o uso de substâncias proibidas. Isso se deve ao interesse de ''defender a igualdade de oportunidades'' entre os atletas, assim como ''pelo interesse de sua própria saúde e do próprio atleta em algumas ocasiões''.
Os juízes da CAS renovam seus cargos a cada cinco anos, e Ballesteros, que já vai para sua quarta renovação, se diz um apaixonado pela justiça esportiva, apesar de ''não ter muito a ver com a comercial'', a qual se dedica ''de corpo e alma'' através da Corte de Arbitragem de Madri.