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Advogados deixam caso de Trayvon Martin

Desde domingo, o acusado pelo assassinato deixou de atender aos telefonemas e as mensagens de texto dos dois advogados

Homenagem feita ao jovem morto Trayvon Martin (Getty Images)

Homenagem feita ao jovem morto Trayvon Martin (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2012 às 20h44.

Miami - Os advogados que até agora defendiam o vigilante voluntário que matou o adolescente Trayvon Martin anunciaram nesta terça-feira na Flórida, nos Estados Unidos, que deixaram o caso porque perderam a comunicação com seu cliente e por ele ter entrado em contato direto com a Promotoria, contrariando as recomendações.

''Se ele não quer que eu seja seu advogado, não posso interferir, eticamente não posso me impor, embora realmente acredite neste caso e em sua inocência'', explicou nesta terça-feira em entrevista coletiva Craig Sonner, quem junto a Hal Uhrig estava defendendo os interesses de George Zimmerman.

Eles explicaram que desde domingo o homem de 28 anos, que permanece escondido, deixou de atender aos telefonemas e as mensagens de texto dos dois advogados, que desde o início da polêmica pela sua manutenção em liberdade estiveram à frente de sua defesa.

''Não podemos defendê-lo a menos que ele nos peça'', explicou Uhrig na entrevista em Sanford (Flórida), na qual se negaram a dar detalhes sobre o esconderijo de Zimmerman.

''Temos uma ideia bastante boa de onde está'', limitou-se Urhig, quem acrescentou quem está no encalço dele pode deixar de procurá-lo na Flórida, mas fazê-lo em todo o território americano.

Os dois coincidiram na preocupação com a saúde ''emocional e física'' de Zimmerman, quem reconheceu ter matado o adolescente negro em 26 de fevereiro em Sanford.


Na falta de testemunhas e provas que contradigam sua versão, Zimmerman permanece em liberdade sem acusações porque alegou a própria defesa, o que gerou uma onda de protestos no país contra a lei que ampara os que matam para se defender de uma ameaça, embora haja opção de fugir.

Os advogados ressaltaram a presunção de inocência de Zimmerman e rejeitaram as acusações públicas de que atuou movido por preconceitos raciais.

Duas investigações paralelas - do Departamento de Justiça e da promotora especial Angela Corey - estão abertas e em andamento para tentar esclarecer o caso.

Eles dizem que estão dispostos a retomar a defesa se Zimmerman assim quiser. Temem, no entanto, que a pressão o levou a tomar a determinação de cuidar de si mesmo e de desconfiar de todos os demais.

Nesta terça-feira, o próprio Zimmerman abriu uma página na internet para receber doações, confirmaram seus advogados, na qual diz que não recebeu nenhum recurso das supostas doações que as pessoas estão fazendo pela sua causa através de outros sites.


''Não posso acreditar na legitimidade desses outros sites, não recebi nenhum recurso arrecadado que supostamente foram destinados em apoio à minha família e a mim neste trágico e difícil momento'', explica Zimmerman em seu site.

Por isso ''criei uma conta no Paypal (sistema de pagamentos pela internet) que somente está ligada a esta página, porque eu gostaria de oferecer uma forma para agradecer pessoalmente aos que me apoiam e garantir que qualquer dinheiro doado será utilizado somente para as despesas diárias e a minha defesa'', acrescenta.

''Manterei pessoalmente a responsabilidade por todos os recursos recebidos, toda doação feita será muito bem-vinda'', conclui Zimmerman.

No entanto, os advogados insistiram em que eles tomaram as rédeas de sua defesa porque, além de serem pessoas próximas a Zimmerman, ''são profissionais. Ganhamos a vida com isso. Tentamos fazer um bom trabalho'', justifica Urhig.

Para Uhring, o escritório do promotor disse que não trataria com ele sem que tivesse um defensor zelando por seus interesses, o que o advogado classificou de um caso ''terrivelmente corrosivo'' devido à pressão da opinião pública.

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