Leslie Lawrenson: advogado morreu nove dias após vídeo minimizando a doença (Reprodução/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2021 às 11h42.
Última atualização em 11 de agosto de 2021 às 07h40.
A esposa do advogado no Reino Unido que morreu após se recusar a tomar vacina disse que o parceiro cometeu "um erro terrível", segundo entrevista à rede BBC.
Leslie Lawrenson, de 58 anos, morreu no começo de julho, e seu caso tem chamado atenção no Reino Unido por ele ter gravado, dias antes, um vídeo sobre seus sintomas com a covid-19.
O advogado já estava com dificuldade de respirar e febre alta, segundo vídeo publicado pelo próprio Lawrenson em suas redes sociais, mas se recusava a ir ao hospital.
Nove dias antes da morte, Lawrenson disse aos seguidores que o vírus não era nada que se devesse temer. "Essas são coisas que temos que sofrer, é parte da vida", disse, afirmando que a alternativa não poderia ser "viver com medo" e que preferia "tentar a sorte" com seu sistema imunológico.
Sua companheira, Amanda Mitchell, de 56 anos, também chegou a contrair covid-19, mas sobreviveu. A própria Mitchell não se vacinou, apesar de ser grupo de risco para a covid-19, com diabetes e hipertensão.
Na entrevista, ela afirmou que o marido vinha recomendado às pessoas que não se vacinassem.
Mitchell disse que agora vai se vacinar e que se sente "incrivelmente tola". "Les morreu desnecessariamente. Les cometeu um erro terrível e pagou o preço final por isso."
Lawrenson era uma minoria no Reino Unido: entre as pessoas com mais de 50 anos, mais de 90% se vacinaram.
A fatia de não vacinados também é menor no Reino Unido do que em outros países, mas ainda assim preocupa o governo em meio ao risco com a variante Delta.
O número de mortes diárias no Reino Unido, que estava abaixo de 15 na média móvel em junho, voltou a superar 100 mortes em alguns dias, ante os 66 milhões de habitantes do país.
Entre 10% e 20% da população britânica hesitava em se vacinar, segundo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) em maio. Em países como a França, a fatia superava 50%, e ficava perto disso nos Estados Unidos ou no Japão.
A hesitação para se vacinar tem sido um problema ainda maior em alguns países.
Nos EUA, onde também há vacinas para todos os grupos (até 12 anos), só 58% tomaram ao menos a primeira dose, e o governo não consegue ampliar a fatia de vacinados, apesar de campanhas e premiações.
O Brasil não faz parte do estudo do FMI, mas pesquisas de opinião mostram que a esmagadora maioria dos brasileiros deseja se vacinar.
Estudo divulgado neste mês pela Confederação Nacional da Indústria, em parceria com a agência de comunicação FSB, mostra que nove em cada dez brasileiros tomariam vacinas de qualquer fabricante.
A única barreira para o avanço da vacinação no Brasil, ao contrário do que ocorre em alguns países desenvolvidos, é a oferta de doses. Na mesma pesquisa da CNI, 62% dos entrevistados ainda consideram o processo de vacinação no Brasil “um pouco lento ou muito lento”.