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Advogado abandona causa em que Kirchner é acusada de encobrimento

Naíbal Ibarra anunciou que deixará de defender a ex-presidente para evitar que aconteça contra ela uma operação "midiática e política"

Cristina Kirchner: ex-presidente é investigada por um suposto encobrimento de terrorismo (Jeff Zelevansky/Getty Images)

Cristina Kirchner: ex-presidente é investigada por um suposto encobrimento de terrorismo (Jeff Zelevansky/Getty Images)

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EFE

Publicado em 5 de março de 2018 às 18h00.

Buenos Aires - Naíbal Ibarra, um dos advogados de Cristina Kirchner, anunciou nesta segunda-feira que deixará de defender a ex-presidente argentina no caso em que é investigada por um suposto encobrimento de terrorismo, para evitar que aconteça contra ela uma operação "midiática e política".

"No dia de hoje decidi renunciar à defesa de Cristina na causa do Memorando com o Irã, na qual tinha sido proposto há alguns dias. Motiva esta decisão a informação de que iniciaram uma operação midiática e política para atacar Cristina utilizando - mais uma vez - a tragédia de Cromañón para esse fim", expôs Ibarra na sua conta oficial do Twitter.

O advogado, ex-prefeito de Buenos Aires, se refere ao incêndio em uma boate da capital em 2004 que deixou um total de 194 mortos e custou seu próprio cargo, uma vez que foi destituído no final de 2005 por "mal desempenho das suas funções", após um julgamento político ao qual foi submetido pelo Legislativo da cidade.

Ibarra lembrou que, apesar de ter sido deposto pela justiça "de forma unânime", tanto ele como pessoas próximas sofreram agressões em várias ocasiões, e considerou que agora já não se trata de "sua pessoa", mas da ex-presidente, a quem deve "profissionalmente e por compromisso político defender e cuidar".

"Não é justo nem possível que, além de se defender da perseguição política e judicial à qual é submetida, ela tenha que se ocupar também de tudo isso", continuou Ibarra.

O advogado tinha assumido a defesa da ex-presidente há poucos dias em uma causa que teve início após uma denúncia feita em 2015 pelo procurador Alberto Nisman, que dias depois foi encontrado morto.

Nisman, cuja morte continua sem ser esclarecida, era o promotor encarregado da investigação do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, o maior já sofrido no país, com 85 mortos, que continua impune e é atribuído pela comunidade judaica ao Irã e ao grupo xiita Hezbollah.

O procurador sustentava a hipótese de que um acordo assinado entre Argentina e Irã em 2013 para investigar conjuntamente o atentado - que nunca entrou em vigor - pretendia, na realidade, encobrir os suspeitos do ataque em troca de melhorar a relação comercial bilateral, algo que Cristina sempre negou.

Mesmo assim, Ibarra afirmou que continuará "acompanhando Roberto Boico", com quem trabalhava em conjunto na causa, "no que for necessário", mas "sem nenhuma vinculação formal".

A decisão de Ibarra foi revelada horas depois de o juiz Claudio Bonadio elevar a julgamento oral a causa contra a ex-presidente.

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