Protestos: cerca de 100 pessoas ficaram feridas em enfrentamentos com as tropas israelenses, dez delas por disparos de arma de fogo (Mohammed Salem/Reuters)
EFE
Publicado em 30 de março de 2019 às 12h49.
Última atualização em 30 de março de 2019 às 15h26.
Cidade de Gaza — Fontes médicas palestinas informaram neste sábado que três pessoas, sendo dois menores de idade, morreram atingidas por disparos do Exército israelense durante os grandes protestos que acontecem perto da cerca de fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel.
Os dois menores, ambos de 17 anos, receberam disparos na cabeça e no peito, de acordo com o Crescente Vermelho. A terceira vítima é um homem de 21 que foi atingido ontem à noite e morreu hoje de manhã. Além disso, 244 pessoas ficaram feridas.
No auge do movimento, 40 mil pessoas participaram neste sábado de uma grande mobilização para comemorar um ano do início da Grande Marcha do Retorno e o Dia da Terra Palestina. Estes protestos acontecem semanalmente para reivindicar o retorno dos refugiados palestinos e o fim do bloqueio israelense na Faixa, imposto desde 2007.
Nas marchas de hoje, os manifestantes se reuniram em diversos pontos ao longo da cerca. De acordo com um comunicado do Exército israelense, alguns grupos atiraram pedras, queimaram pneus e lançaram artefatos explosivos contra a cerca. No entanto, a maioria se manteve longe da divisa e ficou perto das tendas dos cinco acampamentos centrais montados para as manifestações.
Seguindo as instruções do comitê organizador, que tinha pedido aos manifestantes para permanecerem longe da cerca, dezenas de pessoas com coletes laranjas se posicionaram em diversos pontos para pedir as pessoas que não seguissem adiante, conforme disseram à Agência Efe algumas testemunhas.
Os protestos de hoje coincidem com a presença em Gaza de uma delegação egípcia, que faz a mediação entre Israel e as facções palestinas da Faixa para evitar um novo aumento da violência, e que hoje acompanhou o chefe do movimento Hamas, Ismail Haniyeh, no monitoramento da situação em um dos pontos de manifestação.
Desde o começo dos protestos, pelo menos 271 palestinos morreram em ações israelense, 195 nas marchas e 76 em outros incidentes violentos, segundo dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha). Dois militares israelenses, um durante os protestos e outro em uma operação sigilosa dentro do território palestino, também morreram.
Israel se mantém alerta no região da fronteira, com reforço do contingente militar. O governo acusa o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, de instrumentalizar os protestos para cometer atentados em seu território.