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Adoção de carro elétrico exigiria a construção de 5 usinas como Belo Monte

Parque gerador brasileiro deveria produzir mais 190.108 GWh por ano, caso veículos existentes no país fossem substituídos, diz estudo

A usina de Belo Monte, quando estiver operando plenamente, deve gerar por volta de 39.360 GWh por ano, montante cinco vezes menor do que a nova demanda (Paulo Jares/VEJA)

A usina de Belo Monte, quando estiver operando plenamente, deve gerar por volta de 39.360 GWh por ano, montante cinco vezes menor do que a nova demanda (Paulo Jares/VEJA)

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Da Redação

Publicado em 20 de dezembro de 2011 às 11h56.

São Paulo - As mudanças climáticas têm gerado uma preocupação crescente em relação às emissões de gases de efeito estufa (GEE).

Nesse cenário, a substituição dos carros utilizados hoje por equivalentes movidos a eletricidade é vista como alternativa bastante atraente para redução das emissões de poluentes.

Mas o que muitos ignoram é que tal mudança pode representar um acréscimo significativo na demanda por energia elétrica, que terá de ser produzida principalmente em usinas hidrelétricas ou térmicas, em processos que também emitem GEE ou têm outros impactos ambientais.

Segundo cálculos da consultoria Andrade & Canellas, a substituição dos veículos hoje em circulação no Brasil por modelos elétricos exigiria que o parque gerador brasileiro produzisse mais 190.108 GWh por ano. Ou seja, para que o sistema elétrico nacional gerasse energia suficiente para abastecer toda a frota atual de veículos leves movidos a gasolina ou etanol, seria necessário construir cinco usinas hidrelétricas semelhantes à de Belo Monte ou três usinas como a de Itaipu.

“Diante da disponibilidade de etanol a custo competitivo no país, a questão do carro elétrico precisa ser avaliada de maneira ampla, não apenas como uma panaceia que resolverá todo o problema da mudança climática”, afirma a gerente do Núcleo de Energia Térmica e Fontes Alternativas da consultoria, Monica Rodrigues de Souza.

Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o Brasil possui, hoje, cerca de 39 milhões de veículos leves emplacados. Cada um deles consome, em média, 1,4 toneladas equivalentes de petróleo (tep) por ano, o que resulta em um gasto total de 54 milhões de tep pela frota de automóveis leves.


Esse volume se deve, em parte, ao desempenho dos motores a combustão interna, que trabalham com níveis de eficiência médios de apenas 27%.

Os motores elétricos apresentam níveis de eficiência superiores, da ordem de 90%. Assim, se toda a frota for convertida para automóveis que utilizam eletricidade, o consumo total cairia para pouco mais de 16 milhões de tep por ano, o que equivale a 190.108 GWh.

Mas, apesar da redução no volume de energia utilizada, o montante representa uma quantidade significativa. Só para se ter ideia, a usina de Itaipu produziu cerca de 71.744 GWh no último ano, ou seja, pouco mais de um terço do total que seria gasto pelos carros elétricos.

A usina de Belo Monte, quando estiver operando plenamente, deve gerar por volta de 39.360 GWh por ano, montante cinco vezes menor do que a nova demanda.

“Em princípio, os veículos elétricos são opções interessantes para a descarbonização da matriz de transportes. Mas é preciso atenção porque a eletricidade para abastecê-los terá de ser produzida de alguma forma, o que exigirá investimentos significativos no parque gerador e na infraestrutura de transmissão e distribuição”, conclui Monica.

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