Mundo

Acusado de assédio sexual, Rajendra Pachauri deixa IPCC

O indiano, que ocupava o cargo desde 2002 e foi o vencedor em nome do IPCC do Prêmio Nobel da Paz de 2007, rejeita as acusações


	Rajendra Pachauri: como indícios estão e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp
 (kris krüg/creative commons)

Rajendra Pachauri: como indícios estão e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp (kris krüg/creative commons)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 10h07.

Genebra - Acusado de assédio sexual, o indiano Rajendra Pachauri abandonou a presidência do Painel Intergovernamental da ONU para Mudanças Climáticas (IPCC) em um momento crítico nas negociações para um acordo sobre emissões de CO2.

Em comunicado emitido na terça-feira, 24, a ONU aceitou sua renúncia.

Pachauri, que ocupava o cargo desde 2002 e foi o vencedor em nome do IPCC do Prêmio Nobel da Paz de 2007, rejeita as acusações de assédio feitas contra ele por uma funcionária de seu escritório de 29 anos.

Mas a polícia de Nova Délhi iniciou uma investigação formal contra o cientista de 74 anos. Como indícios estão e-mails, SMS e mensagens de WhatsApp endereçados à suposta vítima.

Seu mandato iria terminar em outubro deste ano. Mas em uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Pachauri alegou que não teria como realizar as frequentes viagens que o cargo exige nem ir ao Quênia e a Genebra, onde o IPCC tem suas principais sedes.

Na carta, Pachauri indica que não poderia garantir "forte liderança e dedicação de seu tempo".

Nesta semana, por exemplo, o IPCC se reúne em Nairobi, e Pachauri não poderia deixar a Índia. Em nenhum momento da carta, porém, ele cita o caso nos tribunais que existe contra ele.

"Para mim, a proteção do planeta Terra, a sobrevivência de todas as espécies e o caráter durável dos ecossistemas são mais que uma missão", afirmou.

"Essa é minha religião." Há poucas semanas, ele já havia abandonado a direção do Instituto de Energia e Recursos.

No início da semana, uma corte indiana garantiu proteção a Pachauri contra eventual prisão preventiva até que o caso seja analisado pelo tribunal, amanhã.

Seus advogados alegaram que o cientista sofre de problemas cardíacos.

Sua defesa ainda insiste que os e-mails e mensagens enviados à funcionária não são de Pachauri e que um hacker invadiu seus computadores e passou a agir.

"Sr. Pachauri está prestando toda assistência à Justiça", declarou sua defesa.

Mas o caso abre uma crise a mais dentro do mundo científico. Em seu lugar no IPCC assume Ismail El Gizouli, de forma interina.

A entidade foi quem liderou as pesquisas nos últimos anos, mostrando como a ação humana está promovendo o aquecimento do planeta.

Diplomatas consultados pelo jornal O Estado de S. Paulo temem que a falta de uma liderança forte nesse momento signifique um problema extra para as negociações do clima, que precisam estar concluídas até o final do ano.

Repercussão

Para alguns cientistas, os ataques contra Pachauri poderão ser usados como pretexto por aqueles que querem minar o acordo.

"Céticos das mudanças climáticas vão tentar usar o fato como uma oportunidade para atacar a avaliação do IPCC sobre as consequências das mudanças climáticas", alertou Bob Ward, diretor do Instituto de Pesquisas Grantham, da London School of Economics.

"Essas conclusões do IPCC continuam a ser verdade, com ou sem Pachauri."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Assédio sexualIPCCONU

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'