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Acusação de prostituição de menores arrasa imagem de Berlusconi

"Um número notável de jovens mulheres se prostituíram com Silvio Berlusconi" acusa a promotoria da Itália; partidos pressionam pela renúncia

Berlusconi pode ser condenado a três anos de cadeia por prostituição com uma menor (Franco Origlia/Getty Images)

Berlusconi pode ser condenado a três anos de cadeia por prostituição com uma menor (Franco Origlia/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 21 de fevereiro de 2011 às 14h44.

Roma - Os documentos da promotoria italiana representam um golpe devastador para a controversa imagem do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, acusado de prostituição de menores e abuso de poder, um escândalo que paralisa e prejudica o país.

Em nota oficial, o presidente da República, Giorgio Napolitano, admitiu "a perturbação" da opinião pública diante das graves acusações.

"O presidente da República está consciente da perturbação da opinião pública ante as supostas acusações da promotoria de Milão ao chefe de governo de delitos graves e pela divulgação de vários elementos relativos à investigação", sustentou a nota.

Os juízes de Milão notificaram na segunda-feira ao Parlamento italiano as provas "evidentes" que comprometem o premier em um caso de prostituição de uma menor marroquina, conhecida como "Ruby rouba corações".

Alguns dos 21 deputados e funcionários que leram os documentos da promotoria que vazaram para a imprensa várias escutas telefônicas, anexadas como provas, revelam conversas picantes e comprometedoras, que descrevem um mundo decadente, com mulheres jovens que competem para se tornar "a preferida" do magnata.

Embora não seja a primeira vez que o magnata das comunicações e líder político protagoniza escândalos de caráter sexual, Berlusconi, de 74 anos, suscita maior estupor desta vez.

O jornal da Conferência Episcopal italiana, Avvenire, qualificou a situação de "irrespirável" e pediu que seja esclarecida rapidamente, já que se trata de uma história "tremenda, que ofende".

"Nós, italianos, merecemos uma saída rápida (...) para conseguirmos a indispensável limpeza da nossa imagem perante todos, na Itália e no mundo", instou em editorial.

Das atas judiciais emerge em duas ocasiões o pagamento de 10.000 euros através de transferências bancárias feitas pelo próprio Berlusconi a jovens que participavam das festas privadas do premier.

"Um número notável de jovens mulheres se prostituíram com Silvio Berlusconi em suas residências, o qual paga tais serviços", escreveram os magistrados, que o acusam de incluir nesta lista a marroquina Ruby quando era menor de idade, o que constitui um crime.


Berlusconi corre o risco de ser condenado a uma pena que vai de seis meses a três anos de prisão por violar o artigo 600 Bis do Código Penal, que paradoxalmente foi introduzido por seu governo para lutar contra a prostituição infantil e que além disso não permite reduções de pena, explicaram fontes judiciais.

"A Itália atravessa um momento muito grave, é como se estivesse descendo ao inferno", comentou Marc Lazar, professor francês especialista em assuntos italianos.

A maioria dos editorialistas estimam que o Cavaliere esteja na corda bamba e que seu reinado atravessa momentos decisivos.

"Um líder que provoca a zombaria do mundo inteiro por causa de suas festas com menores prostitutas pode governar um país democrático?", questionou o jornal de esquerda La Repubblica.

"Um país respeitado, uma potência econômica, é descrito como um bordel governado por um velho rico obcecado por sexo", lamentou, por sua vez, Il Fatto Quotidiano, enquanto o prestigioso Corriere della Sera manifestou seu temor pela "paralisia" do país.

Independentemente do que decidir a comissão do Parlamento que deve autorizar a inspeção do gabinete milanês de Berlusconi, o caso tem repercussões políticas.

"Berlusconi deve retirar-se à vida privada", pediu Pierluigi Bersani, líder do maior partido de oposição de esquerda, o Partido Democrático, o que também solicitaram os outros líderes da oposição.

Diante do escândalo, a direita fechou fileiras para defender seu líder.

Os magistrados "querem substituir a vontade dos eleitores", assegurou o chanceler Franco Frattini, enquanto Il Cavaliere por enquanto se mantém em silêncio, após ter se defendido no domingo com um vídeo de todas as acusações.

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