Funcionários da Agência Internacional de Energia Atômica fazem uma inspeção na usina da Tepco em Fukushima: o trabalho deles abrange revistas rotineiras para encontrar falhas (AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de junho de 2013 às 10h43.
Okuma - A operadora da usina nuclear de Fukushima, TEPCO, abriu nesta quarta-feira suas portas para mostrar os progressos destinados a desfazer a central e resolver seu principal desafio, a acumulação de água radioativa.
Durante uma visita de jornalistas à usina, Takeshi Takahashi, principal responsável da central de Fukushima desde dezembro de 2011, mostrou hoje um otimismo moderado, consciente da complexidade de sua missão.
"Acima de tudo, a prioridade é a segurança", afirmou Takahashi. O diretor da central confirmou que atualmente o maior problema é "a grande acumulação de água contaminada com materiais radioativos", entre eles iodo, estrôncio, césio e plutônio, este último ainda não revelado pelas análises.
Mais de dois anos após a catástrofe nuclear, os operários da usina, vestidos com trajes e máscaras para combater a alta radiação, trabalham em inumeráveis frentes ao longo do enorme complexo.
Próximo dali, a 20 quilômetros de distância, 3.500 funcionários trabalham em um moderno centro esportivo transformado em centro de operações da TEPCO.
Após ter conseguido reverter o aquecimento dos reatores há mais de um ano, o trabalho dos empregados da TEPCO abrange atualmente desde a descontaminação do entorno da central até revistas rotineiras para encontrar falhas nas instalações e pontos de vazamento.
Situadas a poucos metros do mar e escondidas hoje sob um espesso nevoeiro, as quatro unidades golpeadas pelas ondas de até 15 metros do tsunami de 2011 descansam em frente a uma pequena colina rodeada de vegetação.
A água que desde pela montanha encontra como barreira natural em seu caminho para o mar os reatores de Fukushima, nos quais acaba penetrando e aumentando a quantidade de líquido contaminado acumulado.
Diante dessa nova complicação, os técnicos começaram recentemente a bombear a água subterrânea e acumulá-la em tanques.
Por toda a usina, é possível ver os quase 1.000 contêineres que até o momento a TEPCO precisou construir para armazenar toneladas de água radioativa que são geradas diariamente.
"Atualmente, a central conta com capacidade para acumular 300.000 toneladas de água", distribuídos em cerca de 250 tanques de 1.000 toneladas, 350 de 100 toneladas e outros de menor capacidade, explicou o porta-voz da usina, Nakayama Tabashi.
A TEPCO recicla cerca de 500 toneladas de água diariamente, que passam a fazer parte de um complexo sistema, que ao longo de quatro quilômetros de encanamentos serve para esfriar o núcleo dos reatores e manter a temperatura estável.
Para Tabashi, a solução passa por manter durante os próximos dois anos a construção destes enormes tanques até a usina alcançar uma capacidade de 700.000 toneladas e encontrar um modo de reduzir ao mínimo os níveis de contaminação, o que permitiria deixar de acumulá-la.
Além disso, apesar da aparente gravidade deste problema, na árdua tarefa para desmantelar a central, um trabalho que se estima que demorará entre 30 ou 40 anos, Tabashi disse que acima de tudo há um desafio que nunca ninguém antes realizou: a retirada das barras de combustível dos reatores.
Neste longo caminho, a prioridade é iniciar no final deste ano a retirada do combustível usado no tanque do reator número quatro da usina, no qual já se pode ver sua nova cobertura, passo prévio à retirada de suas barras.
A TEPCO também espera um futuro marcado pela necessidade de descontaminar as cidades localizados na zona de exclusão pela alta radiação e a criação de um método para tratar os resíduos radioativos, dois objetivos que serão realizados a médio e longo prazo. EFE