Irã: o acordo provisório prevê, entre outras medidas, que o Irã "pare todo o enriquecimento (de combustível nuclear) a mais de 5%" (Alain Grosclaude/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de novembro de 2013 às 12h11.
O histórico acordo sobre o polêmico programa nuclear iraniano alcançado neste domingo em Genebra provocou as mais diversas reações em todo o mundo.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chamou de "um importante primeiro passo" o acordo provisório concluído entre o Irã e as potências do Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha), ressaltando as "enormes dificuldades" que persistem sobre a questão.
"Pela primeira vez em quase uma década, paramos os progressos do programa nuclear iraniano e partes muito importantes do programa serão canceladas", disse Obama, considerando que o pacto "fecha o caminho mais óbvio" para a fabricação de uma bomba atômica.
O acordo provisório, de acordo com a Casa Branca, prevê, entre outras medidas, que o Irã "pare todo o enriquecimento (de combustível nuclear) a mais de 5%", e que as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) "permitirá que a comunidade internacional verifique se o Irã tem respeitado seus compromissos".
O presidente iraniano Hassan Rohani considerou, por sua vez, que "neste acordo, o direito ao enriquecimento de urânio no território iraniano foi aceito (...) e a estrutura das sanções começará a se quebrar", indicando que o seu país "nunca procurou e não irá procurar jamais a fabricação de armas atômicas".
O guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, que tem a última palavra sobre todas as questões estratégicas do país, inclusive a nuclear, comemorou o acordo.
"É preciso agradecer a equipe de negociadores nucleares por esta conquista (...) A graça de Deus, as preces e o apoio da população são, sem dúvida, a razão para este sucesso", declarou Khamenei, acrescentando ser preciso "resistir ante as demandar excessivas" dos outros países.
A única voz negativa, Israel denunciou um "mau acordo que oferece exatamente o que o Irã queria: a retirada significativa das sanções e a manutenção em parte de seu programa nuclear", segundo o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Além disso, o premiê considerou que "o que foi concluído em Genebra não é um acordo histórico, mas um erro histórico".
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergueï Lavrov, também elogiou um acordo onde "não há um perdedor, onde todo mundo ganha", e que deve facilitar o trabalho de inspeção da AIEA.
"Estamos convencidos de que o Irã irá cooperar de boa fé com a agência", declarou.
Lembrando que Moscou sempre se opôs às sanções impostas à República Islâmica, ele considerou como "correto diminuir a pressão sobre o Irã, eliminando essas sanções unilaterais".
O presidente francês, François Hollande, vê neste acordo "um passo importante na boa direção" porque "constitui uma etapa para o fim de um programa militar nuclear, e, portanto, em direção à normalização das nossas relações com o Irã".
O acordo "respeita as exigências impostas pela França quanto aos estoques e ao enriquecimento de urânio", ressaltou.
E o chefe da diplomacia francesa, Laurent Fabius, comemorou "o avanço importante para a segurança e a paz", que "confirma o direito do Irã à energia nuclear civil, mas exclui seu acesso a armas nucleares".
O ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, acolheu um acordo que "salvaguarda a paz e a estabilidade no Oriente Médio" e que "ajuda os interessados a iniciar uma relação normal com o Irã", um ponto importante para a China, que tem grandes necessidades de petróleo.
O presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, ressaltou que neste momento "é crucial garantir a execução em tempo hábil o acordo e continuar a trabalhar, sobre a base da confiança já construída, para uma solução definitiva para esta questão".
Em Londres, o ministro britânico das Relações Exteriores, William Hague, deu boas-vindas a um acordo "bom para o mundo, incluindo ao Oriente Médio, e ao povo iraniano", ressaltando que resta "muito trabalho a ser feito para implementar e fazer avançar este acordo".
Índia e Paquistão, ambas potências nucleares, também reagiram ao acordo.
A Índia, tradicionalmente próxima de Teerã, está "feliz em ver que estamos indo no sentido de resolver as questões relacionadas com o programa nuclear do Irã por meio do diálogo e da diplomacia".
O Paquistão, acusado no passado de ter contribuído para a proliferação nuclear, saudou o acordo. "O Paquistão sempre destacou a importância (...) de se evitar um confronto que poderia desestabilizar a região".
Na Síria, o regime de Damasco, que é apoiado por Teerã em sua guerra contra os rebeldes, elogiou neste domingo o acordo histórico "que garante os interesses do povo iraniano e reconhece seu direito ao uso pacífico da energia nuclear".