Achim Steiner: “Pela primeira vez foi decidido que a plataforma de governança do PNUMA tem que ter participação de todos os governos.'' (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 15h52.
Rio de Janeiro - O diretor-executivo do PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Achim Steiner, reconhece que o documento final da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, chamado O Futuro Que Queremos, não traz compromissos e metas firmas, mas considera decisivo para mudar a governança global para o desenvolvimento sustentável.
Steiner disse, neste último dia de conferência, que as afirmações do documento sobre governança serão levadas adiante, inclusive na próxima Assembleia Geral da ONU, em dezembro.
Quanto à discussão de fortalecimento do PNUMA, Steiner aponta bons resultados. “Pela primeira vez foi decidido que a plataforma de governança do PNUMA tem que ter participação de todos os governos.Hoje apenas 58 países exercem função de governança. Também tivemos um compromisso para aumentar o orçamento do órgão, que é minúsculo em comparação a outras agências da ONU. 97% de nosso orçamento é baseado em contribuições voluntarias”, afirmou. “O que está saindo daqui é uma boa notícia para a governança ambiental”.
O chefe do PNUMA também destacou outros pontos do documento final, como:
- a reafirmação dos direitos humanos;
- a ideia de que o desenvolvimento sustentável não pode ser, apenas, para alguns países;
- o conceito dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mesmo sem a definição de seus conteúdos, que valerá para todos os países;
- o prazo de 10 anos para planos de consumo e produção sustentáveis;
- o consenso de os países endossarem a iniciativa da ONU Energia Sustentável para Todos (leia Empresas brasileiras doam mais de 4,3 bi para “Energia Sustentável para Todos”), e
- reconhecimento de que a o setor corporativo desempenha um papel chave no desenvolvimento sustentável (leia Ban Ki-moon recebe documento de líderes empresariais com compromissos ao Desenvolvimento Sustentável).
Sobre a transição da economia para um modelo mais inclusivo e responsável, a chamada Economia Verde, Achim Steiner declarou: “A Economia Verde é uma das principais questões para seguir adiante. É um sinal de que a sustentabilidade está entrando na área econômica. Vimos líderes de muitos países falando sobre suas experiências e como podemos acelerar políticas que em muitas partes do mundo já são possíveis”.
Steiner ainda comentou sobre a relação entre os países neste processo de mudança: “O que emerge da Rio+20 é um padrão muito diferente de liderança. Não há mais uma liderança de país desenvolvido para levar adiante a agenda ambiental. A sustentabilidade e a transição paraEconomia Verde não são monopólio dos países ricos.
As nações ainda em desenvolvimento desempenham um importante papel nessas áreas. São conversas que não acontecem mais entre norte e sul. E eu espero que o que resulte da Rio+20 é a possibilidade de esses países com papel de liderança avancem, com o apoio das outras nações ”.