Mundo

Abstenção do Brasil em relação à Líbia significa que uso da força não é o ideal

Conselho de Segurança das Nações aprovou a resolução por dez votos favoráveis e cinco abstenções, do total de 15 integrantes do órgão. Não houve votos contrários

A votação em Nova York ocorreu no mesmo dia em que Kadafi fez um discurso em que ameaçou lançar uma ofensiva contra a cidade de Benghazi (Epsilon/Getty Images)

A votação em Nova York ocorreu no mesmo dia em que Kadafi fez um discurso em que ameaçou lançar uma ofensiva contra a cidade de Benghazi (Epsilon/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de março de 2011 às 08h00.

Brasília – O Brasil, a China, Índia, Rússia e Alemanha se abstiveram ontem (17) na votação, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, da resolução que estabelece uma zona de exclusão aérea na Líbia e autoriza “todas as medidas necessárias” para “proteger civis e áreas habitadas [por civis]” de ataques das forças leais ao regime do presidente Muammar Kadafi.

De acordo com diplomatas, a posição brasileira é uma forma de demonstrar que o uso da força não é o ideal no momento. Diplomatas brasileiros afirmam que a abstenção, nesse caso, significa que o Brasil acreditava que havia espaço para a busca do diálogo como mecanismo para o cessar-fogo.

A representante do Brasil nas Nações Unidas, a embaixadora Maria Luiza Viotti, afirmou que a abstenção não deve ser interpretada como “endosso do comportamento das autoridades líbias ou como negligência”. Segundo ela, o governo brasileiro “não está convencido” de que o uso da força, como definido na resolução aprovada, levará ao fim da violência e garantirá a proteção aos civis.

A embaixadora disse que o Brasil é solidário às manifestações populares, que ocorrem no Norte da África e também no Oriente Médio. Para ela, são movimentos que expressam “reivindicações legítimas por melhor governança". A diplomata ressaltou que é necessário apoiar a Liga Árabe, que busca soluções para o impasse na região.

Ontem (17), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, manifestou o receio do governo brasileiro sobre os efeitos causados por ações militares na Líbia. “Uma intervenção militar, mesmo que motivada pelos mais nobres sentimentos, pode desencadear uma onda de violência”, disse.

Patriota afirmou que a expectativa do governo brasileiro era a busca por soluções negociados, sem intervenções diretas na região. “Acho que [a comunidade internacional] deveria tentar alguma coisa, sem ações adicionais que têm o potencial desestabilizador. Merecem ser feitos esforços de diálogo para a redução da violência e uma saída política.”

Ontem à noite, o Conselho de Segurança das Nações aprovou a resolução por dez votos favoráveis e cinco abstenções, do total de 15 integrantes do órgão. Não houve votos contrários. A previsão é que os primeiros ataques contra a Líbia comecem nas próximas horas e sejam realizados pelas forças aéreas da França e da Grã-Bretanha.

A votação em Nova York ocorreu no mesmo dia em que Kadafi fez um discurso em que ameaçou lançar uma ofensiva contra a cidade de Benghazi – considerada a capital da oposição. No pronunciamento, o líder disse que a “hora da decisão chegou”. Segundo ele, os opositores que largarem as armas serão anistiados, mas “não haverá misericórdia nem compaixão” com os restantes.

As informações são da BBC, Brasil, da agência pública de notícias de Portugal, a Lusa, e do Ministério das Relações Exteriores.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaAmérica LatinaDados de BrasilGuerrasLíbiaMuammar KadafiONUPolíticos

Mais de Mundo

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia

Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido

Eleições na Romênia agitam país-chave para a Otan e a Ucrânia

Irã e Hezbollah: mísseis clonados alteram a dinâmica de poder regional