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Abdo Benítez conclui 1º ano de governo desgastado com vazamento de Itaipu

Apesar do cancelamento do acordo com o Brasil sobre a compra de energia de Itaipu, a oposição continua usando o tema para justificar o impeachment

Paraguai: vazamentos indicam que o presidente Abdo Benítez conhecia os termos do acordo de Itaipu (Andres Stapff/Reuters)

Paraguai: vazamentos indicam que o presidente Abdo Benítez conhecia os termos do acordo de Itaipu (Andres Stapff/Reuters)

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EFE

Publicado em 16 de agosto de 2019 às 11h45.

Assunção - O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, completou nesta quinta-feira seu primeiro ano à frente do governo, algo que parecia improvável há poucas semanas, quando protagonizou uma crise política causada pelo vazamento de um acordo de compra de energia com o Brasil envolvendo a usina hidrelétrica de Itaipu.

O mandatário foi muito questionado pela atuação neste caso e também pela escassa implementação de políticas públicas, além da falta de construção de infraestruturas e projetos de casas populares.

O acordo com o Brasil sobre Itaipu, apesar de cancelado, continua a ser o argumento da oposição para pedir o impeachment tanto de Abdo Benítez como do vice-presidente, Hugo Velázquez.

Parte dos cidadãos paraguaios continua a realizar protestos contra o governo, como ocorreu na noite de quarta-feira, quando milhares de pessoas fizeram uma passeata por ruas da capital, Assunção, para exigir um julgamento político do governante e a convocação de novas eleições.

Apesar de a sombra do impeachment não ter se afastado completamente, Abdo Benítez comemorou discretamente o primeiro ano de mandato com um ato de hasteamento da bandeira nacional no Palácio de Governo e sem festejos. À imprensa, disse que assumiu "um reinício dos compromissos" e a promessa de "estabilizar politicamente o Paraguai".

O governante mostrou-se consciente de que, por enquanto, não há votos suficientes para sofrer uma cassação, já que a ala do Partido Colorado ligada a seu antecessor na presidência do país, Horacio Cartes, lhe ofereceu apoio em plena tempestade política, o que foi interpretado como um gesto de união dentro da legenda.

O próprio Abdo Benítez agradeceu a Cartes, de quem, até poucas semanas atrás, era inimigo político.

Embora fossem esperadas mudanças ministeriais hoje, por ocasião do aniversário do mandato, elas ainda não ocorreram. Abdo Benítez parece se contentar com as que foi obrigado a fazer por causa do escândalo pelo acordo com o Brasil, mas disse que se reunirá com cada membro de seu gabinete e avaliará a gestão de cada um.

Enquanto isso, muitos cidadãos reivindicam mudanças em pastas como Obras Públicas, Fazenda, Educação, Trabalho e Interior, além de avanços em políticas públicas.

O primeiro ano de governo Abdo Benítez foi ainda abalado por uma desaceleração econômica regional e por um longo período de fortes chuvas que provocou inundações e perdas financeiras.

Para piorar, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), as perspectivas de crescimento econômico para o país pioraram de 4,4% em outubro de 2018 para 3,5% em abril de 2019,

Embora o presidente tenha sido muito criticado no quesito políticas internas no primeiro ano de governo, na área internacional tentou abrir o país ao mundo com fortes posicionamentos em questões como contra a Venezuela e com uma aposta nas relações com nações árabes. Além disso, participou do acordo comercial Mercosul-União Europeia, que era negociado há 20 anos e enfim foi assinado.

A gestão Abdo Benítez também mostrou rigor na luta contra o tráfico de drogas, com numerosas apreensões de narcóticos e prisão de líderes de organizações criminosas.

Em outras esferas, o conservador Abdo Benítez deu atenção mínima a reivindicações de pessoas LGTBI e não avançou no debate sobre a possível legalização do aborto, assim como não cumpriu uma promessa de campanha eleitoral: um gabinete com equilíbrio de gêneros.

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