Na carta, o presidente palestino "faz uma ampla avaliação do processo de paz, desde as esperanças iniciais até o atual momento (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de abril de 2012 às 09h49.
Jerusalém - O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, enviará um ultimato ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com a intenção de retomar as negociações de paz, estagnadas desde setembro de 2010 e que ambos os lados tentaram retomar sem sucesso em janeiro.
"A carta está preparada e já foi pedido formalmente para que Netanyahu receba uma alta delegação palestina, que não contaria com a presença de Abbas, para poder receber esse "ultimato"", confirmou à Agência Efe uma fonte palestina que pediu para não ser identificada.
Na carta, o presidente palestino "faz uma ampla avaliação do processo de paz, desde as esperanças iniciais até o atual momento, em que o crescimento dos assentamentos colocou em perigo não só o processo de paz em si, mas também a solução de dois Estados".
Abbas, por sua vez, questiona se Netanyahu apoia a solução de dois Estados amparado nas fronteiras de 1967, se está disposto a pôr fim na ampliação das colônias em território palestino, se cumprirá o compromisso de libertar os presos e se o mesmo pode se comprometer em "reverter todas as ações contra a Autoridade Nacional Palestina (ANP) tomadas desde o ano 2000".
"Se Netanyahu não atender essas exigências, a ANP será obrigada a fazer com que Israel assuma as responsabilidades que a legislação internacional exige à potência ocupante, como fornecer serviços à população ocupada", explicou a fonte. Apesar de Abbas não fazer uma referência direta à dissolução da ANP, esta é uma ameaça latente na carta.
Segundo o jornal "Ha"aretz", Netanyahu também tem intenção de enviar uma carta para Abbas com o propósito de retomar as negociações de paz, mas "sem pré-condições".
Nesta, o chefe do governo israelense mostrará sua disposição em discutir os principais assuntos deste impasse (fronteiras, segurança, refugiados, água, assentamentos e Jerusalém) e também insistirá em pedir aos palestinos o reconhecimento de Israel como lar nacional do povo judeu.
Apesar da iniciativa, os dois textos citados não apresentam novidades e mostram que ambos os lados envolvidos não apresentaram mudanças em suas posições, que, por sinal, são as mesmas que resultaram no fracasso da última tentativa internacional de retomar esse agonizante processo de paz.