Abbas questionou por que o governo israelense constrói em terrritório palestino (©AFP / Majdi Mohammed)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2012 às 17h10.
Jerusalém - O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, recebeu nesta terça-feira uma carta de Mahmud Abbas na qual o líder palestino afirma que Israel privou a Autoridade Palestina de "sua razão de ser" e insta o governante israelense a retomar as negociações de paz com base nas fronteiras de 1967.
Netanyahu e seu emissário pessoal Yitzhak Molcho reuniram-se com o negociador palestino Saeb Erakat e com o chefe dos serviços de inteligência da Autoridade Palestina, que entregaram uma carta de Abbas, informaram as duas partes em comunicado.
No entanto, o primeiro-ministro palestino, Salam Fayad, não participou da reunião, ao contrário do anunciado anteriormente por israelenses e palestinos. Uma fonte próxima a Fayad disse antes do encontro que tinha "reservas" sobre a participação do primeiro-ministro palestino.
Para Netanyahu, "Israel e a Autoridade Palestina estão decididos a conseguir a paz".
O primeiro-ministro israelense "enviará uma carta ao presidente Abbas dentro de duas semanas", segundo um comunicado israelense.
"As duas partes esperam que esta troca de cartas ajude a encontrar um caminho para avançar rumo à paz", completa o texto.
Erakat classificou o encontro de "sério". "Netanyahu vai examinar seriamente a carta e responderá em algumas semanas", confirmou o negociador palestino.
Segundo um rascunho da carta de Abbas, ao qual a AFP teve acesso, o presidente palestino afirma que, "como consequência das ações empreendidas pelos sucessivos governos israelenses, a Autoridade Nacional Palestina já não tem autoridade nem competência significativa no nível político, econômico, territorial e de segurança".
"Em outras palavras, a Autoridade Palestina perdeu sua razão de ser, e se continuar assim, será incapaz de cumprir seus compromissos", completa Abbas.
O presidente palestino pede também a Israel que esclareça "o quanto antes" suas posições em relação a quatro pontos-chave: o princípio de existência de dois Estados, israelense e palestino, com as fronteiras anteriores à guerra de junho de 1967, o fim da construção nas colônias israelenses da Cisjordânia, a libertação de todos os presos palestinos e a anulação das decisões que minam os acordos bilaterais assinados desde 2000.
"Estamos dispostos a retomar imediatamente as negociações no momento em que recebermos uma resposta positiva sobre estes pontos", escreve Abbas.
"A lógica é simples. Se o governo israelense apoia a criação de um Estado palestino, por que constrói no território desse Estado?", questiona o presidente palestino.
"Há muitas coisas que enfraquecem a Autoridade Palestina, mas não existe a possibilidade de dissolvê-la", declarou Abbas ao jornal palestino Al-Ayyam, em entrevista publicada nesta segunda-feira.