A descoberta revela que, em vez de parar de uma vez, a placa oceânica está se rasgando e fragmentando aos poucos. (Divulgação/NASA)
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Publicado em 31 de outubro de 2025 às 15h35.
Cientistas documentaram pela primeira vez o colapso gradual de uma placa tectônica em Cascadia, no Oceano Pacífico, próximo à costa do Canadá.
A descoberta revela que, em vez de parar de uma vez, a placa oceânica está se rasgando e fragmentando aos poucos. É um processo inédito de se observar em tempo real.
A região afetada fica próxima à Ilha de Vancouver, onde duas pequenas placas, chamadas Explorer e Juan de Fuca, mergulham para baixo da Placa Norte-Americana. Este é um dos poucos lugares no mundo onde esse fim de placa está acontecendo agora.
As placas tectônicas são como grandes pedaços da crosta terrestre que se movimentam. Quando uma placa mergulha sob a outra, esse processo se chama subducção.
Para que isso funcione, é preciso que o peso da parte que já afundou puxe o resto para baixo. Mas esse processo pode parar quando chega um material novo e mais leve na área.
O problema acontece quando uma região onde nasce crosta oceânica nova se aproxima do local onde a placa mergulha. Esse material novo é mais leve e fraco.
Dessa forma, a Placa Explorer já mostra sinais de que está perdendo força. Ela se move a apenas 2 cm por ano, enquanto a placa vizinha Juan de Fuca avança a mais de 4 cm por ano.
O que está causando a quebra é uma grande falha geológica chamada Zona de Falha de Nootka. Ela funciona como uma linha divisória que está separando as placas.
Essa falha aos poucos isolou a Placa Explorer, transformando-a em uma placa menor e independente. Além disso, o corte não está acontecendo tudo de uma vez, mas em momentos diferentes ao longo da região.
Na imagem abaixo, é possível observar a zona de subducção de Cascadia, na região da placa tectônica norte-americana, com as placas Juan de Fuca (JdF) e Explorer. O desenho indica um profundo "rasgo" na placa (slab tear).
Créditos: American Association for the Advancement of Science (Divulgação/Universidade Estadual de Louisiana)
Os pesquisadores usaram uma técnica parecida com um ultrassom, mas para ver o fundo do oceano. As imagens revelaram que a placa submersa está literalmente se rasgando:
Quando a placa se rompe, ela deixa um buraco que é preenchido por material quente vindo de dentro da Terra. Isso pode causar vulcões fora do normal e até elevar o terreno.
No fim das contas, a Zona de Subducção de Cascadia vai encolher cerca de 75 km por causa desse processo.