Papa: conclave deve começar nesta semana (Pool /Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 3 de maio de 2025 às 14h25.
A quatro dias do início do conclave, cardeais discutiram neste sábado estratégias para evitar que a Igreja Católica perca relevância nas próximas décadas. O tema dominou as conversas da última reunião da semana que antecede a eleição do novo Papa. Estavam presentes 177 cardeais, sendo 127 aptos a votar na Capela Sistina.
No encontro reservado, cardeais manifestaram preocupação com o risco de a Igreja se tornar "autorreferente" e "irrelevante" caso não se mantenha aberta ao mundo e às questões atuais. Também houve apelos para que a Igreja mantenha o diálogo com outras religiões, uma das prioridades do pontificado do Papa Francisco.
De acordo com o Vaticano, os cardeais expressaram gratidão a Francisco e enfatizaram a responsabilidade de preservar seu legado e dar continuidade a processos que ele iniciou. As reuniões pré-conclave são fechadas, e os participantes fazem voto de sigilo sobre o que é dito na Sala Paulo VI, ao lado da Basílica de São Pedro.
Após cada encontro, um porta-voz da Santa Sé divulga os principais temas que foram discutidos. Neste sábado, 26 cardeais se inscreveram para usar a palavra. Foram sorteados dois cardeais que auxiliarão o camerlengo na administração da Santa Sé até o fim do conclave: o americano Robert Francis Prevost e o italiano Marcello Semeraro.
A palavra "conclave" vem do latim, "cum clavis", e significa precisamente "fechado à chave". O sistema de fechar os cardeais teve início no Concílio Lyon II (1274).
Em contexto geral, conclave é uma reunião fechada, com acesso restrito a participantes específicos. No entanto, o termo é mais conhecido pelo seu uso no contexto da Igreja Católica. Assim, no Vaticano, conclave é o nome dado ao processo no qual os cardeais da Igreja se reúnem para eleger um novo Papa
Segundo veículos italianos, o novo conclave deve acontecer entre 5 e 10 de maio e deve reunir 135 cardeais aptos (com menos de 80 anos) a votarem no novo chefe da Igreja Católica. Eles se fecharão no recinto da cidade do Vaticano, declarado zona de conclave.
Antes, todo o Colégio Cardinalício, incluindo os maiores de 80 anos, terão realizado as chamadas congregações ou assembleias para debater o estado da Igreja e definir o perfil do sucessor de Francisco.
O novo Papa será eleito em uma das votações que serão realizadas na Capela Sistina. Durante a duração do conclave, os cardeais serão proibidos de utilizar qualquer tipo de comunicação com o exterior, sem telefone ou computadores. Não poderão enviar mensagens eletrônicas ou alimentar suas contas nas redes sociais.
No início do conclave, os cardeais farão um juramento de silêncio. Além dos cardeais, todos os funcionários do serviço que têm acesso a eles também deverão jurar que manterão segredo sobre tudo o que tiver relação com as reuniões, sob pena de excomunhão.
O conclave terá início com uma missa votiva, após a qual os cardeais se dirigirão em procissão até a Capela Sistina, local da eleição, cantando o "Veni Crator" para invocar a ajuda do Espírito Santo, segundo a Constituição Apostólica.
Além disso, o mestre de cerimônias pronuncia o "Extra omnes!" ("Fora todos!", ordenando que aqueles que não tenham a ver com a eleição saiam do recinto).
As portas se fecham e ficam sob a proteção da Guarda Suíça.
Para ser eleito, um cardeal precisará de uma maioria de dois terços. O voto é secreto. Os cardeais não têm direito de se abster nem de votar em si mesmos.
Na Capela Sistina serão realizadas duas votações matutinas e duas vespertinas. Duas vezes ao dia, uma depois de cada rodada, os papéis são queimados. A cor da fumaça que sairá da chaminé anuncia ao mundo o resultado: preta, se ainda não houver uma decisão, e branca, se um novo Papa tiver sido eleito.
Um repique de sinos de São Pedro se somará ao anúncio do evento, e assim tudo será mais claro para a imprensa e para os milhares de católicos que seguirão o evento.
Se depois do terceiro dia nenhum candidato alcançar o mínimo exigido, a Constituição estabelece uma pausa de 24 horas, que será dedicada "à oração, ao colóquio (...) e a uma breve exortação espiritual".
Se ocorrerem outras sete votações inúteis, será feita outra pausa de um dia.
LEIA TAMBÉM: