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A pé, venezuelanos fogem do país e buscam vida melhor na América do Sul

Com a crise econômica, mais de 1,6 milhão de venezuelanos fugiram da Venezuela, uma das maiores migrações em massa na história da América Latina

Venezuelanos: sem dinheiro, milhares estão andando até o Equador, Peru, Chile, Brasil e Argentina (Andres Rojas/Reuters)

Venezuelanos: sem dinheiro, milhares estão andando até o Equador, Peru, Chile, Brasil e Argentina (Andres Rojas/Reuters)

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Reuters

Publicado em 27 de agosto de 2018 às 14h57.

Última atualização em 27 de agosto de 2018 às 14h58.

Tulcán - Durante sua jornada de duas semanas pelas implacavelmente frias montanhas dos Andes, o venezuelano Jesus Mendoza se alimentou melhor do que nos últimos meses em sua terra natal.

"Na Venezuela, eu comia duas refeições por dia se tinha sorte", disse Mendoza, caminhando pela rodovia Panamericana com uma mochila esfarrapada. Ele cruzou ilegalmente uma parte desprotegida da fronteira entre Equador e Colômbia.

"Ao longo do caminho, os colombianos têm sido generosos. Eles nos deram comida e água", disse o carpinteiro de 25 anos à Thomson Reuters Foundation. "Tenho comido frango, o que é um luxo em casa."

Uma crise econômica, crescentes níveis de pobreza e a escassez de remédios forçaram mais de 1,6 milhão de venezuelanos a fugir do país rico em petróleo, em uma das maiores migrações em massa na história da América Latina, segundo a ONU.

Os venezuelanos mais ricos, qualificados e com formação universitária deixaram o país há anos para trabalhar na área de petróleo e estabelecer negócios no exterior.

Hoje, a onda de imigrantes é composta pelos venezuelanos mais pobres e desesperados.

Sem dinheiro para passagens aéreas, bilhetes de ônibus e até passaportes, milhares, alguns carregando bebês nos braços, estão a pé, andando para encontrar o que esperam ser vidas melhores no Equador, Peru, Chile, Brasil e Argentina.

Karina Mendez, de 38 anos, e seu esposo deixaram a Venezuela há duas semanas com destino ao Peru, onde esperam conseguir dinheiro para comprar antibióticos e outros remédios para sua filha mais nova, que está doente.

"Quando você finalmente consegue encontrar o remédio que precisa, é muito caro para comprar", disse Karina à Thomson Reuters Foundation, enquanto esperavam há horas para pegar uma carona com motoristas de caminhão.

Com uma hiperinflação desenfreada, o Fundo Monetário Internacional prevê que a inflação na Venezuela pode chegar a 1 milhão por cento até o final do ano.

O dinheiro se tornou tão desvalorizado, que notas estavam sendo usadas para fabricar bugigangas e souvenirs. Na semana passada, o governo implementou um novo pacote econômico e cortou cinco zeros da moeda nacional.

"Com o que você ganha em um mês, não dá nem para comprar as coisas básicas que você precisa para sobreviver. Os preços das comidas podem subir 40 por cento durante a noite", disse Rafael Barboza, outro imigrante andando pela rodovia.

A Colômbia tem recebido o maior número de venezuelanos, cerca de 870 mil, e números crescentes estão se espalhando por toda a América do Sul.

No Equador, mais de 4 mil venezuelanos chegaram todos os dias durante um pico recorde no meio de agosto.

Autoridades da Colômbia, Equador e Peru estão se reunindo em Bogotá nesta semana para buscar uma solução para o problema, que arrisca sobrecarregar a região.

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