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A origem vergonhosa da morte de 1,7 milhão de crianças no mundo

Em pleno século 21, ambiente insalubre causa mais de um quarto das mortes entre menores de cinco anos, revela OMS

Crianças brincam ao lado de um canal poluído no bairro de Hazaribagh, em Dhaka, Bangladesh. (Stringer/Getty Images)

Crianças brincam ao lado de um canal poluído no bairro de Hazaribagh, em Dhaka, Bangladesh. (Stringer/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 6 de março de 2017 às 10h07.

Última atualização em 7 de março de 2017 às 10h39.

São Paulo - O mundo mudou muito nas últimas décadas, as cidades cresceram, o PIB se multiplicou, tecnologia de ponta surgiu e o homem já vislumbra a possibilidade de encontrar vida em outras planetas. Mas uma mazela parece continuar incólume ao passar do tempo e aos avanços tecnológicos: a poluição ambiental.

De acordo com dois novos relatórios divulgados nesta segunda-feira (06) pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em pleno século 21, mais de um quarto das mortes entre crianças menores de cinco anos são causadas por condições ambientais insalubres.

Na ponta do lápis, todos os anos, a poluição do ar, a água contaminada e a falta de saneamento e higiene adequada ceifam 1,7 milhão de vidas inocentes em todo o mundo.

O primeiro relatório da OMS, intitulado "O legado de um mundo sustentável: Atlas da Saúde e Meio Ambiente das Crianças", observa que uma grande proporção de doenças associadas a esses fatores estão entre as principais causas de morte entre os pequenos de um mês a cinco anos de idade.

As crianças estão em maior risco de contrair doenças como diarreia e pneumonia em casas sem acesso a serviços básicos, como água potável e esgoto encanado, ou onde combustíveis poluentes como carvão, esterco e querosene são usados para cozinhar alimentos e para aquecimento.

"O ambiente insalubre pode ser fatal, especialmente para crianças pequenas, que são especialmente vulneráveis à poluição do ar e da água, porque seus corpos e seus sistemas imunológicos estão em desenvolvimento", afirma a diretora geral da OMS, Margaret Chan, em comunicado oficial. Sem contar que a exposição a substâncias perigosas durante a gravidez ainda aumenta o risco de nascimentos prematuros.

O outro relatório, intitulado "Não contamine o meu futuro! O impacto dos fatores ambientais sobre as crianças", traz dados que ilustram a magnitude do problema. As cinco principais causas de morte de crianças menores de cinco anos estão relacionados com o meio ambiente poluído:

570.000 crianças com menos de cinco anos morrem de infecções respiratórias (incluindo pneumonia) causadas pela poluição do ar em ambientes fechados e ao ar livre.

361.000 crianças com menos de cinco anos morrem de doenças diarreicas, devido à falta de acesso a água potável, saneamento e higiene.

270.000 crianças morrem durante o primeiro mês após o nascimento, por várias razões ( incluindo prematuridade) que poderiam ser evitadas através do acesso a água potável, saneamento e instalações  de higiene nos centros de saúde e redução da poluição do ar.

200.000 mortes por malária de crianças menores de cinco anos poderiam ser evitadas com intervenções ambientais, por exemplo, reduzindo o número de criadouros de mosquitos ou cobrindo tanques de água.

200.000 crianças menores de cinco anos morrem de ferimentos ou lesões não intencionais relacionados ao meio ambiente, tais como intoxicações, quedas e afogamentos.

Novas ameaças

A OMS alerta, ainda, que a poluição ambiental é uma ameaça crescente para os pequenos, que a cada dia enfrentam novos perigos. Umas das fontes de poluição emergentes são os resíduos elétricos e eletrônicos (por exemplo, telefones celulares velhos), que se não forem reciclados adequadamente, podem contaminar o ambiente com substâncias químicas perigosas.

A exposição infantil a esses compostos pode afetar suas capacidades cognitivas e causar déficits de atenção, lesões pulmonares e câncer.  Estima-se que entre 2014 e 2018, os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos vão aumentar em 19%, alcançando 50 milhões de toneladas.

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