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A ideia que ganha força na COP 21 e traz esperança ao mundo

Limitar o aumento da temperatura do Planeta em 1,5 ºC representa a diferença entre sobreviver ou sucumbir para os países vulneráveis


	Manifestantes carregam um balão do Planeta Terra na frente do Coliseu, em Roma, pela COP 21
 (REUTERS/Alessandro Bianchi)

Manifestantes carregam um balão do Planeta Terra na frente do Coliseu, em Roma, pela COP 21 (REUTERS/Alessandro Bianchi)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 17h17.

São Paulo - O novo rascunho do acordo global pelo clima apresentado nesta quarta-feira na COP21, em Paris, traz uma meta promissora que está ganhando momentum: limitar o aumento máximo de temperatura no Planeta em 1,5 grau Celsius (ºC) até 2100 para evitar as piores consequências das mudanças climáticas

Isso é meio grau a menos do que o teto de 2ºC previamente acordado como sendo um nível de aquecimento global considerado "seguro", mas que repetidas vezes foi questionado. 

Há cinco anos, quando o pequeno país caribenho de Granada propôs o limite de 1,5ºC durante a COP15, em Copenhague, na Dinamarca, seu pedido caíu em ouvidos surdos.

Para a micronação de apenas 344km², assim como para outros Estados insulares, meio grau a menos representa a diferença entre sobreviver ou sucumbir.

De lá para cá, a ideia, outrora considerada radical, ganhou força. No encontro em Paris, os 44 países que compõem a Aliança dos Pequenos Estados Insulares (na sigla em inglês AOSIS), juntamente com outros países vulneráveis, declararam que o objetivo dos 2ºC, se aprovado pelos principais blocos da negociação, selaria o destino de centenas de milhões de pessoas.

Dessa vez, o apelo foi ouvido. Na semana passada, as negociações climáticas da ONU tomaram um novo rumo, quando duas das principais economias mundiais - Alemanha e França - defenderam o teto de 1,5ºC para o aumento máximo da temperatura média global até o final do século.

Em seguida, o Canadá e a Austrália também reforçaram o coro. Na reta final da negociação, que vai até sexta-feira (11), os Estados Unidos, a China e a União Europeia demonstraram seu apoio à meta de 1,5ºC, que agora é endossada por mais de 100 países.

Na prática, a adoção de 1,5º como limite para a alta na temperatura global exigirá uma transição clara e rápida dos combustíveis fósseis para fontes mais limpas. Para atingi-la, os países devem concordar em descarbonizar a economia e transformar suas matrizes energéticas para um sistema 100% renovável até 2050.

Isso também significa maior ambição no acordo de Paris e a garantia de que as metas de redução de emissões deverão ser revistas antes de 2020 e depois renovadas e revisadas a cada cinco anos a fim de assegurar esta transição.

Ela também exigirá que as nações mais ricas se esforcem para cumprir a promessa de fornecer financiamento para ações de adaptação e mitigação às mudanças climáticas nos países mais vulneráveis até 2020.

Apesar do novo ímpeto, a meta de 1,5ºC não é de todo popular. A Índia, por exemplo, tem resistido, argumentando que o objetivo mais ambicioso irá colocar restrições mais severas aos países em desenvolvimento, que teriam que abrir mão de parte do potencial de suas infraestruturas baseadas em combustíveis fósseis.

A ideia também desagrada grandes produtores de petróleo. A Arábia Saudita, por exemplo, chegou a ser acusada em Paris de tentar atrapalhar as negociações para prolongar a sua posição dominante no setor.

Nas 48 horas finais da COP 21, muita coisa ainda pode acontecer. Mas os sinais de que um bom acordo pode emergir da reunião em Paris são promissores.

Ao que parece, a tensão que agora domina as negociações não é mais sobre se a transição dos combustíveis emissores de carbono vai acontecer, mas como e o quão rapidamente ela ocorrerá. 

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