IDLIB: sírio respira com máscara de oxigênio após ataque que deixou ao menos 72 mortos / Ammar Abdullah/ Reuters
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2017 às 06h42.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 18h45.
O conselho de segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve ter uma das reuniões mais quentes de seu passado recente hoje, em Nova York. A pauta é o ataque químico que deixou pelo menos 72 mortos — incluindo 11 crianças — na província rebelde de Idlib, na Síria, na terça-feira. Foi o maior ataque químico em quatro anos, desde que bombardeios com gás Sarin mataram centenas de civis em Ghouta, em 2013.
Mais uma vez, devem estar frente a frente as posições de Estados Unidos, França e Reino Unido, de um lado, e China e Rússia, de outro. Nos últimos anos, em sete oportunidades os dois países vetaram sanções ao governo sírio por acusações de crimes de guerra.
A ONU ainda não conseguiu confirmar qual a substância usada, e o secretário da organização, Antonio Gueterres, disse que, por ora, não tem meios para fazê-lo de forma independente. Guterres e representantes da União Europeia estão reunidos em Bruxelas para discutir a questão.
Caso o uso de armas químicas seja comprovado, o ditador sírio, Bashar al-Assad, pode, enfim, ser denunciado por crimes de guerra. Damasco, por sua vez, diz que os rebeldes são os responsáveis. Os russos, aliados de Assad, também levantaram dúvidas sobre a autoria dos ataques.
A Casa Branca culpou o governo Assad e também a Rússia e o Irã, apoiadores do regime, como co-responsáveis. O porta-voz do presidente Donald Trump acrescentou ainda que o ocorrido é fruto da “fraqueza” do ex-presidente Barack Obama em lidar com o conflito na Síria. Nos ataques químicos de 2013, Obama foi pressionado a intervir, após dar um ultimato de que Assad “ultrapassaria os limites” se usasse armas químicas. O ex-presidente acabou não cumprindo a promessa.
Agora, é o próprio Trump quem se encontra numa posição delicada: na semana passada, seu governo deu sinais categóricos de que derrubar Assad não era mais “uma prioridade”, nas palavras da embaixadora americana na ONU, Nikki Haley.
A guerra síria acontece há mais de seis anos, quando foi desencadeada pela Primavera Árabe, em 2011. Negociações de paz entre os rebeldes e Damasco se arrastam há meses, mas diferentes cessar-fogo negociados pela ONU nunca duraram mais que poucos dias. A guerra já deixou 300.000 mortos e 5 milhões de refugiados.