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A grande pergunta sobre Hong Kong: como a China vai retaliar?

A China tem o hábito de fazer vagas ameaças de retaliação. Até agora, porém, o gigante asiático não concretizou muita coisa

Manifestações contra domínio da China em Hong Kong (Athit Perawongmetha/Reuters)

Manifestações contra domínio da China em Hong Kong (Athit Perawongmetha/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 30 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 30 de novembro de 2019 às 07h00.

A China tem o hábito de fazer vagas ameaças de retaliação. Até agora, porém, o gigante asiático não concretizou muita coisa.

O Ministério de Relações Exteriores fez outro alerta na quinta-feira depois que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou projetos de lei de apoio aos manifestantes de Hong Kong, usando linguagem semelhante a uma declaração na semana passada.

A China fez ameaças parecidas no início deste ano quando os EUA aprovaram a venda de armas para Taiwan, sancionaram empresas por violações de direitos humanos em Xinjiang e colocaram a Huawei Technologies numa lista negra.

“Sugerimos que os EUA parem de seguir obstinadamente seu curso ou a China tomará medidas defensivas resolutas”, disse o Ministério de Relações Exteriores. “O lado dos EUA assumirá toda a responsabilidade pelas consequências.”

Depois do comunicado, o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores, Geng Shuang, se esquivou de perguntas sobre quando a China responderia ou se isso afetaria as negociações comerciais, dizendo aos repórteres para “ficarem atentos”.

“O que virá, virá”, disse.

A impossibilidade de dar detalhes, apesar de ter tido semanas para se preparar, mostra as dificuldades que a China enfrenta em retaliar os EUA sem prejudicar sua própria economia, que cresce no ritmo mais lento em quase três décadas.

Além de implementar tarifas retaliatórias contra os EUA, a China aderiu amplamente a uma política de “compostura estratégica” quando se trata de outros aspectos da relação com o governo americano.

Impacto no acordo comercial

Mei Xinyu, um pesquisador de um think tank financiado pelo Ministério do Comércio da China, disse que a questão de Hong Kong será definitivamente discutida na mesa de negociação comercial, e que a China provavelmente pedirá que os EUA esclareçam sua posição ou até façam promessas de não acionar a legislação.

Ele acrescentou que a China deve preparar algumas contra-medidas enquanto isso, ecoando os comentários do Ministério de Relações Exteriores , sem detalhar quais medidas específicas serão tomadas.

“Isso trará um certo grau de incerteza às negociações comerciais em andamento”, disse Mei. “Mas isso não necessariamente concretiza ou quebra um acordo.”

Embora a desaceleração das negociações comerciais seja a maneira mais óbvia de a China retaliar, é claro que até agora Pequim tolerou muita coisa apenas para manter as conversas no caminho certo. Sem um acordo na primeira fase, a China enfrenta a perspectiva de outro aumento nas tarifas em meados de dezembro.

Existem outras opções, embora a maioria delas também corra o risco de sair pela culatra economicamente.

É algo que o presidente Xi Jinping pode não querer arriscar com problemas econômicos em casa e com a agitação em Hong Kong, que não dá sinais de diminuir.

Entidades não confiáveis

A China poderia ter como alvo empresas americanas ao concretizar a antiga ameaça de divulgar uma lista de “entidades não confiáveis”, parar de comprar produtos americanos, vender Treasuries ou restringir as exportações de terras raras para os EUA, que são essenciais em vários itens, desde smartphones a veículos elétricos.

No lado diplomático, a China poderia tomar medidas como interromper a cooperação para impor sanções relacionadas à Coreia do Norte e Irã, retirar o embaixador chinês nos EUA ou rebaixar as relações diplomáticas.

Hu Xijin, editor-chefe do Global Times, disse em um tuíte na quinta-feira que a China estuda colocar os redatores da legislação americana em uma lista de pessoas proibidas de entrar no país.

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