Mundo

A Grande Barreira de Corais está agonizando; veja imagens

Branqueamento em massa matou 35% dos corais na região norte e centro da Grande Barreira de Corais. Cientistas atribuem fenômeno ao aquecimento global


	Tragédia no paraíso: branqueamento em massa matou 35% dos corais na região norte e centro da Grande Barreira.
 (Thinkstock/Thinkstock)

Tragédia no paraíso: branqueamento em massa matou 35% dos corais na região norte e centro da Grande Barreira. (Thinkstock/Thinkstock)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 30 de maio de 2016 às 19h08.

São Paulo - "Testemunhei um cenário debaixo d´água que nenhum biólogo marinho, e nenhuma pessoa que ame e aprecie o mundo natural, gostaria de ver". O lamento é da cientista Jodie Rummer, que recentemente passou mais de um mês em uma estação de pesquisa ao norte da Grande Barreira de Corais Australiana. 

Ela e seus colegas do Centro de Excelência em Estudos de Corais (ARC) registraram um branqueamento em massa dos corais na região, o mais extremo observado em 18 anos. Os cientistas estimam que o fenômeno matou 35% dos corais no norte e centro da barreira, considerada patrimônio mundial da humanidade pela Unesco. 

Estendendo-se por mais de 2.000 quilômetros ao longo da costa do estado de Queensland, a Grande Barreira de Corais é composta por quase três mil pequenos recifes e mais de 900 ilhas no oceano Pacífico. O paraíso natural é lar de 400 espécies de corais, 1.500 espécies de peixes, 4.000 espécies de moluscos e de animais em risco de extinção, como o peixe-boi e a tartaruga verde. 

O branqueamento de corais (do inglês ‘bleaching’) ocorre quando as condições ambientais se tornam anormais — como a elevação da temperatura da água do mar, por exemplo , e levam os corais a "expelir" as pequenas algas fotossintéticas, chamadas "zooxantelas", que vivem sobre sua superfície e lhe dão a cor característica.

Essas algas também provêem carbono para o metabolismo, o crescimento e a reprodução dos corais. Sua perda faz com os corais fiquem brancos e enfraquecidos e, com o tempo, venham a morrer. 

Veja abaixo a comparação entre uma foto de corais da região feita em 1996, dois anos antes de um forte evento de branqueamento, e outra feita 20 anos mais tarde (2016), onde os corais aparecem mortos. 

https://cdn.knightlab.com/libs/juxtapose/latest/embed/index.html?uid=7ba2db36-23b0-11e6-a524-0e7075bba956

"Nós vimos que, em média, 35% dos corais estão agora mortos ou moribundos nos 84 recifes que nós pesquisamos ​​ao longo das seções do norte e centro da Grande Barreira, entre Townsville e Papua Nova Guiné", diz, em nota, o Professor Terry Hughes, diretor do centro de estudo que lidera a pesquisa, na James Cook University (JCU).

"É a terceira vez em 18 anos que a Grande Barreira de Corais sofre branqueamento em massa devido ao aquecimento global, e o evento atual é muito mais extremo do que os ateriores", destaca. 

Nesta outra comparação do centro de estudo, o coral em Lizard Island aparece branqueado em fevereiro de 2016 e, dois meses depois, aparece morto e coberto por algas, em abril.

https://cdn.knightlab.com/libs/juxtapose/latest/embed/index.html?uid=77df714c-23b2-11e6-a524-0e7075bba956 O pesquisador destaca que esses três eventos ocorreram num período em que temperaturas globais aumentaram apenas 1ºC em relação a era pré-industrial.

Os corais branqueados podem se recuperar se a temperatura voltar ao normal, pois as zooxantelas são capazes de recolonizá-los, mas esse processo pode levar uma década ou mais. 

Segundo os cientistas, agora, é extremamente importante reforçar a resiliência do recife para aumentar a sua capacidade natural de se recuperar.

Conforme a pesquisa, os recifes mais ao sul escaparam dos danos, porque as temperaturas da água estavam mais perto das condições normais por lá.  

Veja no mapa abaixo a estimativa de perdas de corais na região norte e central da Grande Barreira. Perto de Cooktown, as perdas passam de 50%. 

Mapa de estimativas da mortalidade dos recifes de coral ao longo de 1.100 km da Grande Barreira de Corais. (ARC Centre of Excellence for Coral Reef Studies)

Acompanhe tudo sobre:Aquecimento globalClimaMeio ambienteOceanos

Mais de Mundo

Trump nomeia Keith Kellogg como encarregado de acabar com guerra na Ucrânia

México adverte para perda de 400 mil empregos nos EUA devido às tarifas de Trump

Israel vai recorrer de ordens de prisão do TPI contra Netanyahu por crimes de guerra em Gaza

SAIC e Volkswagen renovam parceria com plano de eletrificação