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"A Finlândia é na Rússia?": livro revela caótica política externa de Trump

Relato de John Bolton um dos ex-conselheiros mais próximos do presidente é um revés para a campanha do presidente à reeleição

Trump: livro deve revelar mais detalhes sobre o escândalo envolvendo o presidente e a Ucrânia (Leah Millis/File Photo/Reuters)

Trump: livro deve revelar mais detalhes sobre o escândalo envolvendo o presidente e a Ucrânia (Leah Millis/File Photo/Reuters)

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EXAME Hoje

Publicado em 23 de junho de 2020 às 06h37.

Última atualização em 23 de junho de 2020 às 19h25.

Depois de duas tentativas frustradas da Casa Branca de impedir a sua publicação, chega às livrarias americanas nesta terça-feira (23) o livro The Room Where it Happened (“A sala onde tudo aconteceu”, numa tradução livre), escrito por John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional do governo Trump e um dos nomes mais influentes na política externa americana dos últimos dois anos.

O relato do ex-assessor, ligado ao Partido Republicano, é aguardado com grande expectativa por causa da participação de Bolton no escândalo envolvendo o presidente Donald Trump e a Ucrânia, no ano passado. Trump foi acusado de pressionar indevidamente o governo ucraniano a investigar e repassar informações que pudessem prejudicar Joe Biden, pré-candidato democrata à Casa Branca nas eleições deste ano e adversário do presidente.

O caso deu origem ao pedido de impeachment de Trump no ano passado, que foi aprovado pela Câmara, mas acabou barrado no Senado no início de 2020. Bolton era visto como uma testemunha-chave no processo de impeachment porque estava com o presidente durante o fatídico telefonema com o líder ucraniano, Volodymyr Zelenski.

Durante o processo de impeachment, Bolton se recusou a participar de uma audiência na Câmara, mas depois disse que estaria disposto a dar seu testemunho ao Senado, controlado pelos republicanos. Entretanto, o Senado barrou a proposta para que fossem ouvidas novas testemunhas e Trump foi absolvido.

Com a publicação do livro, mais detalhes devem ficar conhecidos sobre o caso. De acordo com resenhas publicadas na imprensa americana, Bolton confirma ter ouvido diretamente de Trump que o presidente não era a favor de liberar a ajuda à Ucrânia até que todo o material envolvendo Joe Biden e Hillary Clinton fosse entregue.

Embora a revelação tenha pouco impacto agora após o processo de impeachment, o relato deve ser mais um revés na corrida do presidente Trump pela reeleição.

Além do caso da Ucrânia, o ex-conselheiro retrata um ambiente caótico na Casa Branca. De acordo com Bolton, Trump demonstra ter pouca habilidade para lidar com questões internacionais complexas e usa a política externa para fins eleitorais. Segundo o ex-assessor, Trump chegou a dizer ao presidente chinês Xi Jinping que a China deveria comprar mais produtos agropecuários dos Estados Unidos para ajuda-lo a se reeleger com os votos dos produtores rurais do meio-oeste americano.

Bolton também escreve que Trump não sabia que o Reino Unido era uma potência nuclear e uma vez perguntou se a Finlândia fazia parte da Rússia. Trump chegou a dizer ainda que seria “legal” se os Estados Unidos invadissem a Venezuela.

Durante os 17 meses em que trabalhou na Casa Branca, o ex-assessor foi testemunha de algumas das decisões mais importantes da política externa do governo de Donald Trump. Ele participou das negociações envolvendo a guerra de tarifas comerciais com a China, da retirada dos Estados Unidos do pacto nuclear com o Irã, dos encontros de Trump com o ditador norte-coreano Kim Jong-un e da resposta americana à crise na Venezuela, com o reconhecimento de Juan Guaidó como presidente interino.

Seu relato, portanto, traz um importante ponto de vista para entender como funciona a política externa americana sob o governo de Trump. A Casa Branca chamou Bolton de "mentiroso".

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