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A escolha dolorosa de Aung Suu Kyi

A Prêmio do Nobel da Paz, que faz um giro histórico pela Europa, irá comemorar nesta terça-feira seu 67º aniversário, na Inglaterra

Suu Kyi escolheu seu país e passou a maioria dos 22 anos seguintes em prisão domiciliar, negando-se, inclusive, a retornar quando o marido estava prestes a morrer (©AFP / Soe Than Win)

Suu Kyi escolheu seu país e passou a maioria dos 22 anos seguintes em prisão domiciliar, negando-se, inclusive, a retornar quando o marido estava prestes a morrer (©AFP / Soe Than Win)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 14h14.

Londres - A visita de Aung San Suu Kyi ao Reino Unido, nesta semana, relembrará a parte mais dolorosa de sua luta política: as duas décadas que passou afastada de seus dois filhos, que ficaram com o pai neste país.

A Prêmio do Nobel da Paz, que faz um giro histórico pela Europa, irá comemorar nesta terça-feira seu 67º aniversário, na Inglaterra.

Em 1988, a líder da oposição birmanesa teve que tomar uma decisão crucial: seguir seu destino político em Mianmar ou permanecer na Grã-Bretanha com o marido, britânico, e seus dois filhos.

Suu Kyi escolheu seu país e passou a maioria dos 22 anos seguintes em prisão domiciliar, negando-se, inclusive, a retornar quando o marido estava prestes a morrer, porque achava que a junta no poder não a deixaria voltar.

Kim, 35, mora no Reino Unido. Além de ter visitado várias vezes sua mãe desde que ela foi libertada, em novembro, acompanhou-a na Noruega.

Alexander, 39, mora nos Estados Unidos, e ainda não voltou a vê-la. Também não está confirmada sua presença nesta ocasião.

A família não comenta publicamente a separação, mas o jornalista Peter Popham, autor de uma biografia de Aung Suu Kyi, conta que ela era descrita injustamente como fria, porque nunca falava sobre seus problemas.

"Seu autocontrole é lendário. Considerava uma prova de sua vontade não expor a ninguém seu sofrimento", explicou Popham. "Não é difícil imaginar o que significou para ela estar separada de sua família ano após ano, em completo isolamento", disse o jornalista, que se reuniu com Aung Suu Kyi em duas ocasiões.

A visita à Universidade de Oxford, onde ela deve receber, em 20 de junho, o título de doutor "honoris causa", antes de se apresentar, no dia seguinte, ao parlamento britânico, será a mais emocionante de sua viagem. Lá ela estudou, conheceu seu marido e formou uma família.


"Espero que não seja triste", disse à BBC. "Quero rever velhos amigos e lugares onde fui feliz."

Aung Suu Kyi casou-se com Michael Aris, um especialista em Tibete, em 1972. Aquela que os amigos chamavam apenas de "Suu" levava uma vida tranquila, até que tudo mudou quando ela retornou a seu país, em 1988, para ver sua mãe, doente.

Durante sua permanência, a junta reprimiu violentamente algumas manifestações. Seguindo o caminho de seu pai, herói da independência birmanesa, ela endossou o papel de opositora política e decidiu ficar no país.

Nos longos anos que se seguiram, ela viu o marido e os dois filhos apenas cinco vezes.

"Como mãe, o maior sacrifício que tive que fazer foi abandonar meus filhos", disse ao ex-sacerdote budista Alan Clements, em uma série de entrevistas. "Mas sempre tive em mente a ideia de que os outros fizeram sacrifícios ainda maiores."

Em 1999, Michael Aris, que sofria de um câncer de próstata incurável, pediu a ela que não retornasse, para não dar uma vitória à junta.

Seu filho Kim ainda passa a maior parte do tempo em Oxford, segundo os amigos, e prefere se manter distante dos holofotes. A mãe chorou na primeira vez em que eles se reencontraram, e mostrou a ele, tatuado em seu braço, o emblema da Liga Nacional para a Democracia, seu antigo partido.

Alexander nunca esteve em Mianmar, mas foi incumbido de fazer um discurso em Oslo, para onde viajou com seu irmão para receber o Nobel da Paz concedido a sua mãe em 1991.

"Todos ficaram muito impressionados. Ele é inteligente e, como Kim, muito discreto", explicou Peter Popham.

Segundo o historiador Peter Carey, amigo de seu pai, ambos passaram por "grandes distúrbios emocionais". "Foi muito duro para eles. Se a pessoa perde a mãe, pode acabar aceitando. Mas se ouve falar nela, sem poder vê-la ou se comunicar com ela, é um inferno."

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