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A dois dias de ocorrer, referendo catalão está cercado de dúvidas

Os dirigentes separatistas devem enfrentar questões como a apreensão de materiais eleitorais e o próprio fechamento de sedes de votação

Bandeira da Catalunha em protesto por referendo em Barcelona em 29/09/2017 (Juan Medina/Reuters)

Bandeira da Catalunha em protesto por referendo em Barcelona em 29/09/2017 (Juan Medina/Reuters)

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AFP

Publicado em 29 de setembro de 2017 às 09h38.

A dois dias do referendo de autodeterminação proibido pela justiça espanhola, os dirigentes separatistas da Catalunha devem explicar nesta sexta-feira como será celebrada a votação diante do aparato policial e judicial em torno de sua organização.

Após cinco anos pedindo a consulta sobre a independência da região de 7,5 milhões de habitantes, rejeitada reiteradamente pelo governo espanhol de Mariano Rajoy, o presidente catalão Carles Puigdemont decidiu levá-la adiante desobedecendo as proibições judiciais.

A consulta, no entanto, está cercada por incertezas: um numeroso material eleitoral foi apreendido, departamentos chave em sua organização estão controlados de perto pela polícia, o órgão de supervisão eleitoral teve que ser dissolvido e a justiça ordenou fechar as sedes de votação.

"Sabemos que no dia 1 de outubro haverá muitas dificuldades, mas também sabemos que diante de cada dificuldade (haverá) duas soluções", tentou tranquilizar nesta quinta-feira Carles Puigdemont.

Nessa sexta-feira, o vice-presidente regional Oriol Junqueras e outras duas altas autoridades devem "explicar o dispositivo do dia do plebiscito de 1 de outubro", informou um comunicado governamental.

Espaços de votação

As incógnitas são muitas: o organismo criado para supervisionar o sufrágio foi dissolvido quando seus membros receberam multas de 12.000 euros diários por desobedecer o Tribunal Constitucional e o departamento governamental encarregado de contar os votos foi registrado na semana anterior pela polícia.

Além disso, uma juíza, que investiga o governo regional por desobediência, desfalque e prevaricação, ordenou na quarta-feira às polícias na região o fechamento dos diferentes espaços (escolas, clubes e até centros de saúde) designados como pontos de votação.

A polícia regional catalã se mostrou reticente a cumprir esta instrução alegando o "mais que previsível risco de alterações na ordem público que poderia derivar" desta ação.

O ministério do Interior espanhol, que coordena o dispositivo de segurança frente a votação, insiste na necessidade de atuar por parte da polícia catalã, dependente do governo regional, mas também conta com milhares de policiais federais e guardas civis enviados como medida de reforço a essa região.

Votar ou não votar?

A crise econômica e a decisão parcial por parte do Tribunal Constitucional de um estatuto regional aprovado em referendo em 2006 que dava mais autonomia à Catalunha fizeram crescer exponencialmente o sentimento separatista na região.

Na última pesquisa do governo regional de julho, 41,1% dos entrevistados queria a independência contra os 49,4% que eram contrários ou que não sabiam se participariam da votação ilegal e pouco transparente que nem sequer teve campanha eleitoral.

"Prefiro ficar com o que já conheço do que com o que estar por vir, porque pode ser muito bom ou muito ruim", disse Lorena Torrecillas, fisioterapeuta de 27 anos Barcelona que ainda não sabe se votará.

A firme oposição de Madri à votação parece ter mobilizado alguns votantes: segundo uma pesquisa do jornal digital eldiario.es, a participação de domingo será de 63,3% contra 52,9% prevista duas semanas atrás.

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