Venezuela: nação está mergulhada em uma grave crise econômica e humanitária (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)
Agência Brasil
Publicado em 20 de maio de 2018 às 12h00.
Muitos venezuelanos estão decepcionados com o governo e também com a oposição, que aceitou dialogar com o atual presidente, Nicolás Maduro, depois de mortes ocorridas em protestos no país, para dizer, em seguida, que foi enganada e pregar a abstenção.
"Achamos que a única saída, por enquanto, é fora da Venezuela", diz Freddy Hernández, de 32 anos, refugiado na Argentina.
Ele contou que trabalha com informática e tinha um bom emprego em um banco na Venezuela, mas que, com a desvalorização do bolívar (moeda do país), seu salário passou a valer U$ 5 e mal dava para sustentar a mulher e filha".
Hernández decidiu largar tudo e recomeçar na Argentina, onde chegou há poucos dias.
"Até pouco tempo atrás, um venezuelano na Argentina era uma flor exótica. Hoje, em cada esquina, bar ou comércio que você for, em Buenos Aires, tem um, dois ou três venezuelanos atendendo", disse o presidente da Associação de Venezuelanos na Argentina, Victor Pensa.
Atualmente, existem 70 mil venezuelanos vivendo na Argentina e a previsão é de que muitos mais vão chegar.
Segundo a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o número de venezuelanos que solicitou refúgio oficialmente, no mundo inteiro, aumentou em 2 mil por cento desde 2014.
Somente no ano passado, foram 94 mil - e a maioria deles está cruzando a fronteira a pé, para o Brasil e a Colômbia.
"Os que podem saem, mas muitos não têm condições. É preciso comprar divisas para sair da Venezuela, e isso custo caro", afirmou a engenheira Andrea Bonilla, que viajou para a Argentina, grávida de sete meses e meio.
"Na Venezuela, falta tudo - comida, remédios, produtos básicos. Se nossa filha nascesse na Venezuela, íamos demorar muito para conseguir os papéis para ela deixar o país - o estado entrou em colapso, e existe muita corrupção", acrescentou a engenheira.
Agora que o inverno está começando, os venezuelanos na Argentina estão juntando roupa para os recém-chegados. "Não estamos acostumados ao frio daqui", disse a cantora Eukarina Rodríguez, que trabalha como voluntária na associação.
No sábado (19), véspera das eleições, os membros da associação mandaram celebrar missa na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe. "O único que podemos fazer é orar pelo futuro da Venezuela e para que alguma coisa mude", desabafou Eukarina.