Buenos Aires: em um ano, o preço dos produtos subiu mais de 54% no país (Eitan Abramovich/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de maio de 2019 às 06h51.
Última atualização em 29 de maio de 2019 às 07h03.
Depois de uma tentativa fracassada para conter uma nova greve geral através da liberação de dois bilhões de pesos argentinos em um pacote de assistência social para sindicatos do país, o governo do atual presidente Mauricio Macri deve experimentar a sexta paralisação geral de seu governo nesta quarta-feira, 29. Há meses, Macri vem sendo intimado pelos mais diversos setores do país a apresentar uma solução para o caos econômico que a Argentina atravessa. Macri tentará a reeleição no pleito marcado para 27 de outubro.
Há apenas um mês abril, Macri experimentou uma greve geral que paralisou a Argentina e prejudicou ainda mais a já fragilizada economia do país. Desde então, o presidente vinha tentando tecer acordos com movimentos sindicais na tentativa de evitar que uma nova parada. O plano não deu certo, e nesta quarta-feira mais de 70 agremiações argentinas prometem cruzar os braços novamente.
Afundada em uma das piores crises econômicas dos últimos anos, somente nos últimos 12 meses, a inflação argentina acumulou uma alta de 54%, enquanto o peso, moeda oficial do país, não para de desvalorizar. O PIB do país encolheu Segundo um levantamento recente do instituto de pesquisa argentino Opinaia, a avaliação negativa da economia está em 74%, ante 32% em 2017. A bandeira dos sindicatos, por sua vez, é que Macri adote medidas imediatas para conter a inflação e a baixa do peso.
Segundo reportagem do jornal argentino Clarín, a greve de hoje deverá afetar sobretudo o setor de transportes, que irá paralisar as operações de ônibus, metrôs, trens, aviões e até mesmo o transporte marítimo. A companhia de aviação Aerolíneas anunciou o cancelamento de 350 voos, o que afeta 22 mil passageiros. Além disso, a maior parte dos serviços públicos também permanecerão fechados, e isso inclui tribunais de justiça, escolas e universidades.
Nos últimos quatro meses, seis províncias argentinas foram às urnas em primárias da próxima eleição nacional e também para escolher novos governadores. Em todas as ocasiões, o partido de Macri, o Mudemos, foi derrotado. A dúvida é o impacto que terá a desistência de Cristina Kirchner, que agora concorrerá a vice em uma chapa com seu ex-chefe de gabinete, Alberto Fernández. De acordo com um levantamento recente que ouviu mais de mil eleitores do país, Fernández aparece na liderança, com 35,7% das intenções de voto. Mais de dez pontos percentuais abaixo vem Macri, com 24,8%.