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8 civis morrem em bombardeios no leste da Ucrânia; ONU documenta prisões arbitrárias no país

"Vinte casas, seis edifícios, quatro lojas, a Casa da Cultura e do centro administrativo da cidade foram danificados" pelos bombardeios

Ucrânia: 8 civis morrem em bombardeios e ONU documenta centenas de prisões arbitrárias no país (DIMITAR DILKOFF/Getty Images)

Ucrânia: 8 civis morrem em bombardeios e ONU documenta centenas de prisões arbitrárias no país (DIMITAR DILKOFF/Getty Images)

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AFP

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 11h24.

Oito civis morreram e 17 ficaram feridos em bombardeios russos na quinta-feira, 8, contra a cidade de Bakmut, no leste da Ucrânia, declarou nesta sexta-feira, 9, o governador regional Pavlo Kirilenko

"Bakmut foi a cidade mais afetada: oito pessoas morreram e 17 ficaram feridas", indicou Kirilenko no Telegram.

"Vinte casas, seis edifícios, quatro lojas, a Casa da Cultura e do centro administrativo da cidade foram danificados" pelos bombardeios, acrescentou.

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No Donbass, uma região de mineração no leste da Ucrânia onde ocorreram os combates mais intensos dos últimos meses, Kiev anunciou na quinta-feira que avançou de 2 a 3 quilômetros perto de Kramatorsk e Sloviansk e retomou a cidade de Ozerne, 45 quilômetros ao norte de Bakmut.

A Ucrânia também reivindicou uma série de sucessos no nordeste, leste e sul do país, alegando ter reconquistado territórios e várias cidades, especialmente em torno de Kharkiv.

Essas conquistas são as mais importantes para a Ucrânia desde a retirada das tropas russas dos arredores de Kiev no final de março. As autoridades ucranianas não divulgaram os nomes das áreas reconquistadas.

O Kremlin, por sua vez, recusou-se a comentar os anúncios ucranianos.

O Exército russo enviou veículos blindados e armas como reforço na região ucraniana de Kharkiv, onde Kiev lidera sua contraofensiva, disseram agências de notícias russas nesta sexta-feira, com base em imagens transmitidas pelo Ministério da Defesa.

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Um funcionário da administração de ocupação de Moscou na região, Vitali Gantchev, disse à televisão russa que "combates ferozes" estavam em andamento em torno da cidade de Balaklia, que Kiev disse ter recuperado.

"Reforços da Rússia foram enviados para lá", disse o funcionário.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou nesta sexta-feira que a decisão russa de enviar reforços para a região ucraniana de Kharkiv mostra que a Rússia paga um "preço enorme" por sua ofensiva.

"Há um grande número de forças russas que estão na Ucrânia e de uma forma lamentável, trágica e horrível, o presidente [Vladimir] Putin mostrou que vai colocar muita gente nisso, a um preço enorme para a Rússia", disse ele.

Blinken fez essas observações na sede da Otan em Bruxelas após conversas com o secretário-geral da aliança militar ocidental, Jens Stoltenberg.

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Prisões arbitrárias

A ONU informou, nesta sexta-feira, 9, que documentou centenas de detenções arbitrárias e desaparecimentos forçados pelas forças russas na Ucrânia e 51 detenções arbitrárias pelas forças ucranianas.

Desde o início da invasão ordenada pelo presidente russo Vladimir Putin, o gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos reúne informação sobre uma série de violações das quais os prisioneiros de guerra são vítimas.

A tortura, se comprovada em tribunal, "seria um crime de guerra", explicou Matilda Bogner, que chefia a missão de monitoramento de direitos humanos na Ucrânia, em uma videoconferência de Odessa.

Até o momento, as Nações Unidas verificaram que pelo menos 416 pessoas foram vítimas de detenção arbitrária e desaparecimento forçado em território ocupado pela Rússia ou em áreas controladas pelas forças armadas russas e grupos armados afiliados no momento dos eventos.

Destes, 16 foram encontrados mortos e 166 foram libertados.

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A missão também documentou 51 prisões arbitrárias e outros 30 casos que podem equivaler a desaparecimentos forçados perpetrados pelas forças de ordem ucranianas.

A ONU obteve "acesso irrestrito" aos locais de detenção controlados por Kiev, enquanto Moscou não permitiu o acesso aos prisioneiros de guerra mantidos em seu território ou em áreas controladas por forças pró-Rússia, disse Bogner.

"Esta situação é ainda mais preocupante porque documentamos prisioneiros de guerra nas mãos das forças armadas russas ou grupos armados afiliados que foram submetidos a tortura e maus-tratos. Em alguns locais de detenção, falta comida, água, saúde e instalações sanitárias adequadas", acrescentou.

As Nações Unidas também estão cientes de pelo menos quatro prisioneiras de guerra grávidas mantidas por Moscou e grupos armados afiliados.

A missão também recebeu informações sobre a terrível situação na prisão de Olenivka, em território separatista no leste da Ucrânia, onde se acredita que muitos prisioneiros de guerra ucranianos sofram de doenças infecciosas, incluindo hepatite A e tuberculose.

Em território controlado pela Ucrânia, a ONU também documentou casos de tortura e maus-tratos de prisioneiros de guerra, geralmente durante sua captura, durante interrogatórios iniciais ou durante sua transferência para campos de internação.

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